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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Erenice muda versão e admite reunião com firma que negociou com seus filhos
À PF ex-ministra admitiu este e outros encontros com interessados em negócios no governo, que Casa Civil negara
Reunião com empresa
de Campinas assediada
por firma de lobby foi revelada pela Folha e negada várias vezes
ANDREZA MATAIS
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
A ex-ministra Erenice
Guerra mudou a versão que
sustentava até agora e confirmou à Polícia Federal que recebeu na Casa Civil empresários que negociavam contrato com a firma de lobby dos
filhos dela para obter um empréstimo do BNDES.
Na época, a ministra era
Dilma Rousseff, atual candidata do PT à sucessão presidencial, e Erenice, seu braço
direito. A Folha teve acesso à
íntegra do depoimento dela,
que durou quatro horas e teve mais de cem perguntas sobre o esquema de tráfico de
influência na Casa Civil.
A assessoria da Casa Civil,
por meio de notas oficiais,
havia negado por duas vezes
à Folha a participação de
Erenice na reunião com os
empresários de Campinas
que negociavam com a empresa de lobby Capital.
Em uma delas a assessoria
alegou "incompatibilidade
de agenda" da então secretária-executiva da Casa Civil.
Após a Folha publicar a
negociação do filho de Erenice com esses empresários,
ela deixou o governo.
Erenice afirmara, em entrevista à revista "IstoÉ",
após deixar o cargo, que
"nunca" recebeu representante da EDRB Brasil, empresa de energia solar de Campinas que procurou a empresa
dos filhos dela para obter financiamento do governo.
Ontem Erenice mudou a
versão. Disse à PF que recebeu, no ano passado, os empresários paulistas no prédio
do CCBB (Centro Cultural
Banco do Brasil), onde funcionava provisoriamente o
governo. Ela relatou que esteve na reunião "salvo engano, entre 20 e 30 minutos".
Procurada mais uma vez, a
Casa Civil disse ontem à Folha que as informações prestadas antes partiram da então ministra e que não iria
comentar o depoimento.
O dono da EDRB, Aldo
Vagner, e o consultor Rubnei
Quícoli disseram à PF que
após a reunião com Erenice
foram procurados pela empresa dos filhos dela para
viabilizar o projeto em troca
de "taxa de sucesso".
A PF perguntou a Erenice
se Dilma tinha conhecimento do projeto apresentado na
reunião. Ela disse que não
saberia responder.
Ela negou que tenha pedido, por intermédio do ex-diretor dos Correios Marco Antonio Oliveira (tio de um sócio do filho dela na empresa
de lobby), dinheiro para a
campanha de Dilma. Erenice
afirmou que nem ela nem
Dilma conhecem Oliveira.
No depoimento, Erenice
também confirmou que se
encontrou no início do ano,
numa padaria de Brasília e
em seu próprio apartamento,
com outro empresário, da
MTA Linhas Aéreas, que contratou a empresa dos filhos.
Erenice negara os encontros à revista "Veja". Em nota, a Casa Civil dizia que a
ministra só recebia empresários "em seu gabinete, com
agenda prévia e pública".
Erenice disse ainda que
"não sabia" que seu ex-assessor Vinícius Castro, sócio
do filho dela na empresa de
lobby, "pretendia assessorar
a empresa EDRB no projeto
apresentado à Casa Civil".
Também não disse se foi ele
quem agendou a reunião.
Erenice contou à PF que,
"em data não recordada", o
filho Israel lhe disse que "tinha a intenção de montar
uma empresa de assessoria
na área de aviação", e que
Vinícius Castro seria convidado para futura sociedade.
Apesar disso, disse que
"não era de seu conhecimento" que Vinícius e Israel estavam procurando empresas.
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