São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 2011 |
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Novo Conselho de Ética tem Renan e aliados de Sarney Órgão encarregado de investigar senadores estava esvaziado desde 2009 Novo presidente do colegiado promete independência apesar de amizade com Sarney, alvo de dez processos
GABRIELA GUERREIRO DE BRASÍLIA Depois de responder a cinco processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito ontem membro titular do órgão, responsável por investigar a conduta dos 81 senadores. Ao lado de Renan, foram escolhidos para compor o colegiado outros 14 senadores -grande parte com processos na Justiça. Amigo de Renan e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o senador João Alberto (PMDB-MA) foi indicado para presidir o conselho. O peemedebista deve ser eleito hoje para o comando do órgão. Apesar da ligação com Sarney, que respondeu a 11 processos no conselho em 2010, Alberto promete independência. "O conselho é cortar na nossa própria carne", disse. "Já estou preparado, exerci o cargo duas vezes." A vice-presidência do conselho deve ser ocupada por Gim Argello (PTB-DF), que é investigado em inquérito que está no STF (Supremo Tribunal Federal) por ter alugado computadores por valor superfaturado quando era deputado distrital em Brasília. Entre os indicados para o Conselho de Ética estão os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO), que também respondem a processos judiciais. Foram indicados seis líderes partidários, depois que muitos senadores se recusaram a ocupar cadeiras no conselho temendo futuros desgastes políticos. Único a votar contra as indicações para o conselho, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que Sarney escolheu sua tropa de choque para controlar o órgão. "Quem vai mandar alguma coisa para um conselho que tem pessoas amigas do presidente da Casa?", perguntou. O conselho estava sem seu quadro completo desde agosto de 2009, quando a oposição se retirou do colegiado em protesto contra o arquivamento dos processos contra Sarney. Criado em 1993, o órgão analisou desde então mais de 20 representações contra senadores, das quais 15 foram arquivadas. No caso de Renan, o conselho chegou a aprovar o pedido de cassação do parlamentar, que foi rejeitado pelo plenário. Renan respondeu a uma série de denúncias em 2007, quando foi acusado de ter recorrido a um lobista para pagar aluguel e pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. "BULLYING" As indicações para o Conselho de Ética foram feitas um dia depois de o senador Roberto Requião (PMDB-PR) tomar o gravador de um repórter que o questionou sobre a aposentadoria que recebe como ex-governador. Requião foi ontem à tribuna do Senado para fazer novas acusações à mídia. "Temos que acabar com o abuso, o bullying que sofremos nas mãos de uma imprensa às vezes provocadora e muitas vezes irresponsável." Sem se desculpar por ter tomado o gravador e apagado a entrevista, o senador reconheceu que "não deveria ter perdido a paciência" com o repórter, mas acusou o jornalista de tentar acuá-lo com "perguntas agressivas". Colaborou JOÃO CARLOS MAGALHÃES, de BRASÍLIA Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Requião quer lei que regule direito de resposta Índice | Comunicar Erros |
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