|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Empreiteiras atuam para reajustar valor das obras públicas
Empresários pressionam diante da perspectiva de aumento da inflação e da demanda gerada com a Copa
Governo reconhece que há contratos defasados em algumas regiões do país e que revisão de tabelas está em curso
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA
Diante de um quadro de
inflação no setor e a perspectiva da demanda gerada pela
Copa-2014, empreiteiras que
atuam com foco em programas públicos iniciaram forte
pressão junto à União e ao
governo de São Paulo para
reajustar os preços de obras.
Sem os ajustes nos custos,
avalia o setor, o governo não
conseguirá destravar o programa de obras para a Copa
porque hoje há projetos licitados em custos "irreais".
Em 2010, o IPCA (índice
oficial de inflação do governo) alcançou 5,9%, ante
7,56% do INCC, índice que
calcula a evolução de custos
da construção, da FGV.
Essa decisão de intensificar o lobby foi colocada no
papel pela Apeop (Associação Paulista dos Empresários
de Obras Públicas), que divulgou entre associados um
memorando que deixa claro
ser essa uma das principais
discussões no setor.
"O governo sabe que precisa, e rápido, mas não [vai
conseguir tocar projetos] sem
dar base que assegure o desenvolvimento regular da
obra. Não é caso de mais lucro. É trabalhar pelo justo e
ser remunerado por aquilo
de fato seja o preço", diz o diretor-executivo da Apeop,
Carlos Eduardo Lima Jorge.
Elaborado por Luciano
Amadia, presidente da associação, o papel diz que devem ser feitas gestões junto a
órgãos do governo paulista
(Sabesp e FDE) e à CEF (Caixa
Econômica Federal) e ao Dnit
(Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes), que balizam preços de
obras da União no país.
O diretor-geral do Dnit,
Luiz Antonio Pagot, confirma que em parte do país a inflação está corroendo contratos. "Em [algumas] regiões
onde se realizam grandes
obras, os preços e alguns insumos e mão de obra têm
crescido além da inflação.
Nos contratos mais antigos,
em alguns casos, há necessidade do reequilíbrio", disse.
O foco principal está na
CEF e no Dnit porque são eles
que mantêm as tabelas do Sicro (que estima os custos de
obras viárias) e do Sinapi
(sistema da Caixa que tem o
mesmo papel nos projetos de
infraestrutura). Essa revisão
das tabelas está em curso.
Isso porque a Lei de Diretrizes Orçamentárias, desde
2004, estabelece os valores
fixados no Sicro e no Sinapi
como teto para obras pagas
com verba da União. Houve
pressões empresariais para
derrubar esse limite, o que
não prevaleceu no governo e
nos órgãos de controle.
Assim, restou às empreiteiras defender mudanças
nos dois sistemas, o que vai
permitir atualizações (de salários e custos de transporte
mais altos e pagar mais pela
urgência na obra, por exemplo) favoráveis ao setor.
O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria
da Construção Civil), Paulo
Simão, afirma que só com a
reformulação será possível
estabelecer preços confiáveis
nas obras públicas.
"Os índices [constantes
nas tabelas] não vêm refletindo a realidade do país, está
tudo muito defasado. A mão
de obra descolou bastante,
materiais e tecnologias mudaram", diz Simão.
Texto Anterior: Reforma fiscal: Governo deve enviar proposta de desoneração da folha até maio Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: Escalada retórica Índice | Comunicar Erros
|