São Paulo, domingo, 27 de junho de 2010

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PT baiano oficializa racha com PMDB

Partido lança hoje candidatura de Jaques Wagner à reeleição; petista terá como adversário o ex-aliado Geddel

Juntos em 2006, os dois agora são desafetos; palanque duplo pode criar problema a Dilma, que estará no evento

RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O passado que uniu o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) ficou para trás. Aliados em 2006, quando derrotaram o então PFL, hoje DEM, no Estado, os dois agora são desafetos. Em entrevistas à Folha, nem sequer falam o nome um do outro.
O racha na base lulista na Bahia será definitivo hoje, quando Wagner oficializa sua candidatura ao lado de Dilma Rousseff (PT). Geddel se lançou na segunda-feira, também ao lado da petista.
Wagner e Geddel culpam um ao outro pela não reprodução em solo baiano da chapa PT-PMDB nacional.
O governador diz considerar incorreta a candidatura de Geddel, já que haveria um acerto para que o peemedebista disputasse o Senado. Além disso, Wagner diz ter um governo bem avaliado e liderar as pesquisas.
Segundo o petista, Geddel preferiu ser o adversário número um do que o "segundo na fila" governista. "Quando ele olhou que o DEM estava desarrumado, disse: "Opa, eu posso ser o líder das oposições"." Ele ainda desdenha da saída do PMDB de seu governo: "A gente se soltou muito mais".
Geddel nega qualquer oportunismo: "Um dos grandes defeitos do atual governador é que ele especula demais". O ex-ministro diz querer o cargo por acreditar que a Bahia não aproveitou o crescimento dos últimos anos e perdeu espaço para outros Estados do Nordeste.
O peemedebista também revela mágoa pelo PT ter tido candidato a prefeito de Salvador em 2008, contra a reeleição de João Henrique (PMDB). Também diz que Wagner não ouvia o PMDB no governo.

DILMA
De olho em garantir a presença de Dilma no Estado durante a campanha, tanto Wagner quanto Geddel insistem em minimizar o constrangimento causado pelo palanque duplo.
O governador descarta criticar o adversário na presença da candidata, sob argumento de que isso não seria "elegante". Geddel diz que poderá sim fazer eventuais críticas -de ideias, não pessoais- na frente de Dilma, apesar de não tê-las feito no lançamento da candidatura.
Wagner evita se colocar como escolha número um de Dilma, que já se negou a declarar predileção. O governador, no entanto, diz ver uma "naturalidade" na questão.
Lembra que está ao lado de Lula há 32 anos e que tem uma relação pessoal com Dilma, enquanto Geddel foi do PFL, apoiou FHC e integrou a ala oposicionista do PMDB no primeiro governo Lula.
O ex-ministro argumenta que foi coerente e só embarcou no governo Lula após tê-lo apoiado em 2006. Diz esperar uma postura de "amizades à parte" na campanha.
Ao mesmo tempo, diz se considerar "alguém próximo" de Dilma e afirma que amizade não se mede por tempo de convivência.
Sobre o discurso da candidata do PT em sua convenção, no qual ela fugiu da disputa baiana e citou o peemedebista poucas vezes, Geddel diz ter ficado satisfeito em ouvir que ele fez um "trabalho excepcional" à frente da Integração Nacional.
Wagner sinaliza esperar tratamento melhor hoje: "No encontro [do PT, anterior ao do PMDB], eu acho que ela foi muito bem, estava muito empolgada, espero que esteja igual [na convenção]".


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