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PT baiano oficializa racha com PMDB
Partido lança hoje candidatura de Jaques Wagner à reeleição; petista terá como adversário o ex-aliado Geddel
Juntos em 2006, os dois agora são desafetos; palanque duplo pode criar problema a Dilma, que estará no evento
RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
O passado que uniu o governador da Bahia, Jaques
Wagner (PT), e o ex-ministro
Geddel Vieira Lima (PMDB)
ficou para trás. Aliados em
2006, quando derrotaram o
então PFL, hoje DEM, no Estado, os dois agora são desafetos. Em entrevistas à Folha, nem sequer falam o nome um do outro.
O racha na base lulista na
Bahia será definitivo hoje,
quando Wagner oficializa
sua candidatura ao lado de
Dilma Rousseff (PT). Geddel
se lançou na segunda-feira,
também ao lado da petista.
Wagner e Geddel culpam
um ao outro pela não reprodução em solo baiano da
chapa PT-PMDB nacional.
O governador diz considerar incorreta a candidatura
de Geddel, já que haveria um
acerto para que o peemedebista disputasse o Senado.
Além disso, Wagner diz ter
um governo bem avaliado e
liderar as pesquisas.
Segundo o petista, Geddel
preferiu ser o adversário número um do que o "segundo
na fila" governista. "Quando
ele olhou que o DEM estava
desarrumado, disse: "Opa,
eu posso ser o líder das oposições"." Ele ainda desdenha
da saída do PMDB de seu governo: "A gente se soltou
muito mais".
Geddel nega qualquer
oportunismo: "Um dos grandes defeitos do atual governador é que ele especula demais". O ex-ministro diz querer o cargo por acreditar que
a Bahia não aproveitou o
crescimento dos últimos
anos e perdeu espaço para
outros Estados do Nordeste.
O peemedebista também
revela mágoa pelo PT ter tido
candidato a prefeito de Salvador em 2008, contra a reeleição de João Henrique
(PMDB). Também diz que
Wagner não ouvia o PMDB
no governo.
DILMA
De olho em garantir a presença de Dilma no Estado durante a campanha, tanto
Wagner quanto Geddel insistem em minimizar o constrangimento causado pelo
palanque duplo.
O governador descarta criticar o adversário na presença da candidata, sob argumento de que isso não seria
"elegante". Geddel diz que
poderá sim fazer eventuais
críticas -de ideias, não pessoais- na frente de Dilma,
apesar de não tê-las feito no
lançamento da candidatura.
Wagner evita se colocar
como escolha número um de
Dilma, que já se negou a declarar predileção. O governador, no entanto, diz ver uma
"naturalidade" na questão.
Lembra que está ao lado
de Lula há 32 anos e que tem
uma relação pessoal com Dilma, enquanto Geddel foi do
PFL, apoiou FHC e integrou a
ala oposicionista do PMDB
no primeiro governo Lula.
O ex-ministro argumenta
que foi coerente e só embarcou no governo Lula após tê-lo apoiado em 2006. Diz esperar uma postura de "amizades à parte" na campanha.
Ao mesmo tempo, diz se
considerar "alguém próximo" de Dilma e afirma que
amizade não se mede por
tempo de convivência.
Sobre o discurso da candidata do PT em sua convenção, no qual ela fugiu da disputa baiana e citou o peemedebista poucas vezes, Geddel
diz ter ficado satisfeito em
ouvir que ele fez um "trabalho excepcional" à frente da
Integração Nacional.
Wagner sinaliza esperar
tratamento melhor hoje: "No
encontro [do PT, anterior ao
do PMDB], eu acho que ela
foi muito bem, estava muito
empolgada, espero que esteja igual [na convenção]".
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