São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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OPINIÃO

Ministro de FHC marcou o sistema educacional do país

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

Uma das mais importantes inovações na história da educação foi a montagem, durante a gestão de Paulo Renato Souza, de um sistema de avaliação das mais variadas áreas de ensino, implantado em meio a pesadas resistências corporativas e políticas.
Mas, mesmo com a chegada do PT ao poder federal, o sistema foi, em sua essência, mantido. Pode-se dizer, com segurança, que a educação brasileira pode ser dividida entre antes e depois dessa inovação. É certamente um dos marcos da evolução das políticas sociais.
Os números puderam traduzir não apenas a calamidade do ensino público, responsabilizando do presidente, governador, prefeito ao diretor da escola. É possível conhecer hoje a nota em cada escola e cidade, gerando transparência e competição para os governantes.
Medidas ousadas como o pagamento de bônus para professores não seriam possíveis sem um sistema de avaliação objetivo.
Os números permitiram que se montasse o que foi inédito na história das políticas sociais brasileiras: um plano de metas de longo prazo, tendo como referência o ano de 2022, quando se comemora o bicentenário da Independência brasileira.
O sistema de avaliação serviu de empurrão para rever o currículo escolar, tentando vinculá-lo ao cotidiano. O Enem é o reflexo dessa visão.
Mas a medida que mais teve impacto do cotidiano da população é fonte de um dos maiores desgostos de Paulo Renato. E que classificava, nas conversas que teve comigo, como uma das maiores "burradas" do PSDB.
Foi Paulo Renato quem tirou da esfera local a experiência de transferência de renda associada à matricula escolar, desenvolvida em Brasília, por seu então governador Cristovam Buarque.
Ele conseguiu que a Bolsa Escola fosse universalizada, atingindo milhões de famílias, graças a ao recém-criado Fundo de Combate à Pobreza. Como era candidato à sucessão de Fernando Henrique -no final José Serra venceu a indicação-, Paulo Renato queria que se lançasse uma campanha publicitária falando dos programas de complementação de renda.
A campanha se perdeu nos labirintos do Planalto. Ele não foi candidato e dizia que o PSDB perdeu a chance de garantir uma marca social, já que a bolsa, transformada em Bolsa Família, foi o projeto de maior visibilidade do ex-presidente Lula.


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