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Instituto ligado a Costa questiona contas de Aécio
Entidade, presidida por tesoureiro da campanha de peemedebista, aponta "falsidade ideológica"
FREDERICO VASCONCELOS
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
O Instituto Sobral Pinto,
presidido por Célio Mazoni,
tesoureiro da campanha de
Hélio Costa (PMDB), candidato ao governo de Minas Gerais, pediu ao Superior Tribunal de Justiça que investigue
suposta falsidade ideológica
na aprovação, pelo Tribunal
de Contas do Estado, das
contas de 2009 do então governador e candidato a senador Aécio Neves (PSDB).
A notícia crime é assinada
pela advogada Joice Miranda, do escritório que representa o peemedebista. A peça acusa, entre outros, o ex-governador, o governador
em exercício, Antonio Augusto Anastasia, que disputa
a eleição para governador
pelo PSDB, conselheiros do
TCE e uma procuradora.
A peça alega que houve
fraude contábil para esconder a não aplicação de recursos em serviços de saúde pública e educação nos percentuais mínimos exigidos pela
Constituição Federal.
A coligação "Somos Minas
Gerais", que apoia Anastasia, atribui a iniciativa de Mazoni a "um claro esforço da
campanha do PMDB de buscar, artificialmente, credibilidade junto à opinião pública
para uma iniciativa unicamente de cunho eleitoral".
Mazoni é ex-prefeito de
Barbacena (2001/2004). Sua
gestão foi investigada por supostas contratações irregulares. Em 2008, foi multado em
R$ 8.000 pelo Tribunal de
Contas da União. Ele diz que
foi excluído do processo e
que não pagou a multa.
Segundo a coordenação
da campanha de Anastasia, a
prestação de contas até então
não tinha sido questionada
pelo "desconhecido instituto". Ela registra que o pedido
ao STJ "ocorre a apenas 11
dias da data das eleições e
durante a apuração de matéria jornalística pela Folha".
DOIS PARECERES
O processo foi autuado no
STJ como sindicância e está
sob sigilo. A peça inicial alega que a procuradora de Contas Maria Cecília Mendes Borges elaborou um parecer prévio, pela rejeição das contas,
e depois emitiu outro, "mais
favorável aos interesses do
governador". A procuradora
está na lista tríplice para uma
vaga de conselheiro do TCE.
"O parecer verdadeiro e
único, que concluiu pela
aprovação, está nos autos",
diz a procuradora. Ela vê na
acusação, com base em parecer apócrifo, "motivos não legítimos ou inconfessos, em
vista do período eleitoral".
O TCE não forneceu o parecer da procuradora e nem o
voto do relator, Elmo Braz.
Dias antes da ação judicial, a Folha havia examinado relatório de 575 páginas
da Comissão de Acompanhamento da Execução Orçamentária do Estado, formada
por 22 auditores do TCE, que
apontou irregularidades nas
contas de 2009. Apesar das
restrições, em julho último o
TCE emitiu parecer prévio
aprovando as contas por
unanimidade, fazendo "recomendações e determinações". As contas serão julgadas pela Assembleia.
Os técnicos do TCE constataram que foram incluídos
como gastos de saúde pública investimentos em saneamento (serviço tarifado) e
despesas na área da Previdência (cujos beneficiários
contribuem para o custeio).
Gastos nas áreas de esportes e Previdência foram computados como manutenção
do ensino. Uma despesa de
R$ 8,3 milhões foi incluída
duplamente como gasto de
educação e de saúde.
DIVERGÊNCIAS
A Constituição Federal determina que sejam aplicados
em educação no mínimo 25%
da receita com a arrecadação
de impostos; no caso da saúde, o percentual é de 12%.
Para a Auditoria-Geral do
Estado, órgão do Executivo,
em 2009 o governo aplicou
28,19% em educação e
13,56% em saúde, superando
os limites exigidos.
Para os técnicos do TCE,
esses índices cairiam para
20,15% e 7,48%, respectivamente, após o expurgo de
contabilizações indevidas.
Em 2006, a Folha revelou
que o governo Aécio contabilizara como gastos em saúde
para a população nos anos
de 2003 e 2004 despesas para
erradicar a febre aftosa e outras doenças de animais.
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