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TRE-TO censura notícia que liga governador a corrupção
Liminar fixa multa de R$ 10 mil por dia para quem descumprir a decisão
Relatório diz que Carlos Gaguim (PMDB), que busca a reeleição, teve "participação direta" em fraudes de licitações
SÍLVIA FREIRE
DE SÃO PAULO
Decisão de um desembargador do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Tocantins proibiu veículos de comunicação de publicar informações que relacionem o governador, Carlos Gaguim,
candidato à reeleição,
(PMDB) com um suposto esquema de fraudes a licitações, investigado pelo Ministério Público de São Paulo.
A liminar (decisão provisória) dada pelo desembargador Liberato Póvoa na última sexta proíbe também que
a imprensa relacione outros
integrantes do atual governo
com a investigação.
Póvoa fixou uma multa de
R$ 10 mil por dia em caso de
descumprimento da decisão.
A liminar atende a ação
apresentada pela coligação
do governador, que argumentou que adversários estavam usando reportagem de
uma TV local sobre o caso para atacá-lo na campanha.
Segundo pesquisa Ibope,
ele tem 44%, contra 42% de Siqueira Campos (PSDB).
O desembargador determinou que oito jornais -entre
eles o "O Estado de S. Paulo"-, 13 emissoras de TV do
Estado, cinco sites, 39 rádios
comunitárias e 24 rádios comerciais fossem notificados
da decisão para seu cumprimento imediato. Quase todos
os veículos são do Tocantins.
Gaguim é aliado do PT no
Estado e tem o apoio do presidente Lula, que gravou
mensagem de apoio a ele.
O magistrado argumentou
em sua decisão que a investigação corre sob sigilo e que
as informações foram publicadas após o furto de um
computador do Ministério
Público paulista, na quinta-feira, onde estavam armazenadas informações do caso.
"O que se veicula maliciosamente na mídia é fruto de
informação obtida por meio
de ilícito que, por si só, deveria ser rechaçado pela mídia.
A liberdade de expressão não
autoriza a veiculação de propaganda irresponsável, que
não se sabem a origem", diz
um trecho da liminar.
Para o desembargador, as
informações "difamatórias"
visam "promover a balbúrdia eleitoral" no Estado.
Um relatório reservado do
Ministério Público de São
Paulo aponta que Gaguim e o
procurador-geral do Estado
"tiveram participação direta" em fraudes de licitações
feitas por uma "organização"
criminosa. As fraudes chegam a R$ 615 milhões, diz o
órgão. Há duas semanas, oito
pessoas foram presas.
A liminar fala que "todos
os veículos de comunicação"
não podem publicar as informações. No entendimento do
procurador-chefe do Ministério Público Federal no Tocantins, Álvaro Manzano, a medida vale só para o Estado.
Manzano entrou com um
recurso contra a liminar. Ele
diz que a proibição caracteriza censura prévia. O "Estado" também vai recorrer.
REVISTA
O procurador foi chamado
pelos responsáveis pela distribuição da revista "Veja"
no Tocantins, que disseram
que estavam sendo "intimidados". A revista cita as suspeitas sobre o governador. A
Polícia Federal foi acionada.
Colaboraram FILIPE MOTTA e RAQUEL
BOCATO, de São Paulo
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