São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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Crise faz mercado apostar em corte de juros mais rápido

Apesar do medo da inflação, investidores preveem maior redução da taxa básica pelo Banco Central em outubro

Pesquisa feita com analistas indica que maioria espera inflação acima da meta oficial do governo neste ano


ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

O agravamento da crise econômica nos países ricos tem levado investidores a apostar em aceleração da queda de juros no Brasil.
Ontem, pela primeira vez, a expectativa predominante do mercado era de corte superior a 0,7 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorrerá no fim de outubro.
As apostas até meados da semana passada eram de queda menor, mais próxima a 0,5 ponto percentual.
O Banco Central reduziu a taxa Selic no fim de agosto de 12,5% para 12%.
A principal razão citada para o corte na época foi a piora do cenário externo que, na avaliação da autoridade monetária, contribuirá para uma desaceleração da economia brasileira.
O movimento surpreendeu economistas de bancos e consultorias, para quem o BC deveria ter mantido a taxa de juros inalterada porque as pressões inflacionárias permanecem fortes.
O ceticismo desses analistas em relação à queda da inflação ainda é alto. Sinal disso foi um novo aumento nas expectativas de inflação segundo o relatório Focus divulgado ontem pelo BC.
Pela primeira vez, as projeções, em média, apontam para inflação acima do teto da meta perseguida pelo governo (de 6,5%) este ano.
Apesar disso, investidores que fazem apostas em relação à tendência de preços de ativos (como taxas de juros) no futuro esperam que o BC aumentará a intensidade do corte da Selic na próxima reunião do Copom, por conta do cenário externo.
A percepção de participantes da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) nos EUA no último fim de semana é de que a crise, principalmente na Europa, é mais séria do que se imaginava.
Segundo participantes do encontro, existe grande falta de sintonia entre a expectativa do mercado financeiro de uma solução rápida para a crise e a atitude considerada parcimoniosa dos representantes da União Europeia.
De acordo com o diretor de um banco ouvido pela Folha, ficou claro que um calote da dívida grega é inevitável e que a situação de economias maiores, como a portuguesa e a italiana, é grave.
A conclusão de quem esteve no encontro em Washington é de que a situação da economia global tende a piorar e de que os riscos de nova recessão nos países desenvolvidos aumentam a cada dia.
Esse cenário confirma a expectativa negativa já traçada pela autoridade monetária brasileira no fim de agosto, o que tem alimentado as projeções de queda de juros no mercado futuro.
"O consenso da reunião do FMI foi muito pessimista. E representantes do governo brasileiro aproveitaram para reforçar também seu ponto de vista negativo em relação à economia mundial", disse Tony Volpon, diretor da corretora japonesa Nomura.
Volpon acredita que o BC reduzirá a Selic em um ponto percentual em outubro.
Apesar da percepção de piora do cenário externo e a expectativa de queda maior dos juros, analistas ainda temem que fatores como aumento da renda no Brasil e a recente desvalorização do real continuem a causar pressões inflacionárias.


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