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Senador Tuma morre em SP aos 79 anos
Político se projetou nacionalmente graças ao seu trabalho na Polícia Federal; enterro será realizado hoje às 15h
Delegado serviu no Dops durante a ditadura militar (1964-1985), mas nunca foi acusado de torturar militantes
DE SÃO PAULO
O senador Romeu Tuma
(PTB), 79, morreu ontem às
13h no Hospital Sírio-Libanês
em São Paulo por falência
múltipla dos órgãos. O corpo
foi levado à Assembleia Legislativa paulista para ser velado. O enterro será hoje às
15h no cemitério São Paulo.
Tuma, que sofria de diabetes e problemas cardíacos,
estava na UTI do hospital
desde o início de setembro
devido a um quadro de insuficiência renal e respiratória.
No último dia 2, foi submetido a uma cirurgia para colocação de um dispositivo de
assistência ventricular que
auxilia o coração, sem êxito.
A doença interrompeu sua
campanha à reeleição. Ficou
em quinto lugar, com 3,9 milhões de votos (10,79%). Casado com Zilda Dirane Tuma,
deixou quatro filhos: Robson
(ex-deputado), Romeu Jr.
(delegado), Rogério (médico)
e Ronaldo (dentista).
CARREIRA
A carreira política de Tuma começou em 1994 por seu
prestígio como policial.
Nascido na capital paulista em 1931, Tuma ingressou
na Polícia Civil em 1951, como investigador. Em 1967,
após fazer direito na PUC-SP,
foi promovido a delegado.
Em 1969 começou a trabalhar com o delegado Sérgio
Paranhos Fleury no Serviço
de Inteligência do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) como
"analista de informações".
No Dops, Tuma participou
do combate às organizações
de esquerda. Não existe nenhum militante que diga ter
sido torturado por Tuma. Algumas famílias, porém, sustentam que ele foi negligente
com o sumiço de cadáveres e
conivente com torturadores.
Ele sempre negou ligação
com a violência: "Eu não admitia". Em 1977, Tuma foi
promovido a diretor do Dops.
Em 1980, Lula e outros sindicalistas ficaram presos no
órgão após intervenção federal no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O atual presidente relata que foi bem tratado por Tuma. Lula chegou
a ser liberado sigilosamente
para visitar a mãe, em coma.
Em 1982, após a eleição de
Franco Montoro (PMDB), o
então governador José Maria
Marin (PDS) ordenou a Tuma
que levasse os arquivos do
Dops para a Polícia Federal,
para evitar que a oposição tivesse acesso aos papéis. Em
1983 o Dops foi extinto, e Tuma se tornou superintendente regional da PF em SP.
NOVA REPÚBLICA
Em junho de 1985, no governo José Sarney (PMDB),
ele ficou famoso após a identificação da ossada do nazista Josef Mengele. A confirmação da descoberta foi revelada pela Folha, em reportagem de Junia Nogueira da Sá.
Pouco depois, em janeiro
de 1986, foi nomeado diretor-geral da PF. Ali, Tuma atuou
no combate às remarcações
de preços no Plano Cruzado.
Após a eleição de Fernando Collor, foi convidado para
acumular a direção da Polícia Federal com a direção da
Receita Federal. Em sua gestão, a PF invadiu a Folha no
dia 23 de março de 1990. Tuma negou relação com o episódio e disse que "não sabia
o que estava acontecendo".
Tuma perdeu força após a
queda da ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello,
e deixou a Receita em maio
de 1991. Com o afastamento
de Collor e a posse de Itamar
Franco, ele foi afastado pelo
ministro da Justiça, Mauricio
Correa, em outubro de 1992.
Tuma retornou à Polícia
Civil de São Paulo e foi nomeado assessor do governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB). Em 1994, foi eleito senador pelo PL, à frente
de Luiza Erundina (PT).
Em 1997 transferiu-se para
o PFL. Em 2000 disputou a
Prefeitura de São Paulo, mas
ficou apenas em quarto lugar. Dois anos depois conseguiu se reeleger, à frente de
Orestes Quércia (PMDB).
Em 2006 deixou o partido
e se transferiu para o PTB,
passando a apoiar Lula.
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