São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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Senador Tuma morre em SP aos 79 anos

Político se projetou nacionalmente graças ao seu trabalho na Polícia Federal; enterro será realizado hoje às 15h

Delegado serviu no Dops durante a ditadura militar (1964-1985), mas nunca foi acusado de torturar militantes

DE SÃO PAULO

O senador Romeu Tuma (PTB), 79, morreu ontem às 13h no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo por falência múltipla dos órgãos. O corpo foi levado à Assembleia Legislativa paulista para ser velado. O enterro será hoje às 15h no cemitério São Paulo.
Tuma, que sofria de diabetes e problemas cardíacos, estava na UTI do hospital desde o início de setembro devido a um quadro de insuficiência renal e respiratória.
No último dia 2, foi submetido a uma cirurgia para colocação de um dispositivo de assistência ventricular que auxilia o coração, sem êxito.
A doença interrompeu sua campanha à reeleição. Ficou em quinto lugar, com 3,9 milhões de votos (10,79%). Casado com Zilda Dirane Tuma, deixou quatro filhos: Robson (ex-deputado), Romeu Jr. (delegado), Rogério (médico) e Ronaldo (dentista).

CARREIRA
A carreira política de Tuma começou em 1994 por seu prestígio como policial.
Nascido na capital paulista em 1931, Tuma ingressou na Polícia Civil em 1951, como investigador. Em 1967, após fazer direito na PUC-SP, foi promovido a delegado.
Em 1969 começou a trabalhar com o delegado Sérgio Paranhos Fleury no Serviço de Inteligência do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) como "analista de informações".
No Dops, Tuma participou do combate às organizações de esquerda. Não existe nenhum militante que diga ter sido torturado por Tuma. Algumas famílias, porém, sustentam que ele foi negligente com o sumiço de cadáveres e conivente com torturadores.
Ele sempre negou ligação com a violência: "Eu não admitia". Em 1977, Tuma foi promovido a diretor do Dops.
Em 1980, Lula e outros sindicalistas ficaram presos no órgão após intervenção federal no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O atual presidente relata que foi bem tratado por Tuma. Lula chegou a ser liberado sigilosamente para visitar a mãe, em coma.
Em 1982, após a eleição de Franco Montoro (PMDB), o então governador José Maria Marin (PDS) ordenou a Tuma que levasse os arquivos do Dops para a Polícia Federal, para evitar que a oposição tivesse acesso aos papéis. Em 1983 o Dops foi extinto, e Tuma se tornou superintendente regional da PF em SP.

NOVA REPÚBLICA
Em junho de 1985, no governo José Sarney (PMDB), ele ficou famoso após a identificação da ossada do nazista Josef Mengele. A confirmação da descoberta foi revelada pela Folha, em reportagem de Junia Nogueira da Sá.
Pouco depois, em janeiro de 1986, foi nomeado diretor-geral da PF. Ali, Tuma atuou no combate às remarcações de preços no Plano Cruzado.
Após a eleição de Fernando Collor, foi convidado para acumular a direção da Polícia Federal com a direção da Receita Federal. Em sua gestão, a PF invadiu a Folha no dia 23 de março de 1990. Tuma negou relação com o episódio e disse que "não sabia o que estava acontecendo".
Tuma perdeu força após a queda da ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, e deixou a Receita em maio de 1991. Com o afastamento de Collor e a posse de Itamar Franco, ele foi afastado pelo ministro da Justiça, Mauricio Correa, em outubro de 1992.
Tuma retornou à Polícia Civil de São Paulo e foi nomeado assessor do governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB). Em 1994, foi eleito senador pelo PL, à frente de Luiza Erundina (PT).
Em 1997 transferiu-se para o PFL. Em 2000 disputou a Prefeitura de São Paulo, mas ficou apenas em quarto lugar. Dois anos depois conseguiu se reeleger, à frente de Orestes Quércia (PMDB).
Em 2006 deixou o partido e se transferiu para o PTB, passando a apoiar Lula.


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