São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Caso Mengele renovou imagem do policial

DE SÃO PAULO

A confirmação de que pertenciam ao médico nazista Josef Mengele os restos de um homem exumado em 1985 num cemitério em Embu, em São Paulo, foi um fato histórico que contribuiu também para reconstruir a imagem do então diretor-geral da Polícia Federal, Romeu Tuma, muito associada aos anos da repressão durante a ditadura militar (1964-1985).
Entre as várias dúvidas sobre a veracidade da descoberta, pesava o fato de que Tuma era um policial que exercera funções de comando durante o regime autoritário em um país escolhido como um dos locais na América do Sul para esconderijo de líderes nazistas.
O Brasil, segundo essas versões, tinha a imagem de possuir uma polícia que não se empenhava no cerco a esses fugitivos.
Há registros, contudo, de que Tuma comandara, ainda no final dos anos 70, a operação que resultou na captura do criminoso de guerra Franz Wagner, também responsável pela morte de milhares de prisioneiros judeus.

EXUMAÇÃO
Em junho de 1985, pouco após a exumação do "Anjo da Morte", quando Tuma dizia que havia "90% de chance" de que o corpo encontrado no Embu fosse o de Mengele, ainda havia ceticismo. Desconfiava-se de uma manobra para forjar a morte do médico nazista e prolongar sua clandestinidade.
A identificação foi feita pela equipe do Instituto Médico Legal de São Paulo. O reconhecimento foi confirmado por uma equipe de especialistas da Universidade de São Paulo.
Como Tuma pediu ao legista Fortunato Badan Palhares, de Campinas, a reconstituição facial de Mengele, surgiria depois uma longa controvérsia, em que alguns peritos e especialistas disputavam a responsabilidade pela confirmação.
Em artigo que publicou na Folha em maio de 2008, Tuma, a título de tratar dos cuidados a serem tomados em perícias criminais, fez referência à descoberta que o tornaria famoso.
"Tenho total confiança na capacidade dos peritos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal. Razões me sobram, desde que os requisitei para perícias difíceis, nos tempos desprovidos dos atuais recursos técnico-científicos, como aconteceu na descoberta dos despojos do criminoso nazista Josef Mengele. O exame de DNA, feito na Inglaterra anos depois, serviu apenas para confirmar as nossas conclusões", escreveu o senador.


Texto Anterior: Senador Tuma morre em SP aos 79 anos
Próximo Texto: Repercussão

Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.