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Caso Mengele renovou imagem do policial
DE SÃO PAULO
A confirmação de que pertenciam ao médico nazista
Josef Mengele os restos de
um homem exumado em
1985 num cemitério em Embu, em São Paulo, foi um fato
histórico que contribuiu também para reconstruir a imagem do então diretor-geral
da Polícia Federal, Romeu
Tuma, muito associada aos
anos da repressão durante a
ditadura militar (1964-1985).
Entre as várias dúvidas sobre a veracidade da descoberta, pesava o fato de que
Tuma era um policial que
exercera funções de comando durante o regime autoritário em um país escolhido como um dos locais na América
do Sul para esconderijo de líderes nazistas.
O Brasil, segundo essas
versões, tinha a imagem de
possuir uma polícia que não
se empenhava no cerco a esses fugitivos.
Há registros, contudo, de
que Tuma comandara, ainda
no final dos anos 70, a operação que resultou na captura
do criminoso de guerra Franz
Wagner, também responsável pela morte de milhares de
prisioneiros judeus.
EXUMAÇÃO
Em junho de 1985, pouco
após a exumação do "Anjo
da Morte", quando Tuma dizia que havia "90% de chance" de que o corpo encontrado no Embu fosse o de Mengele, ainda havia ceticismo.
Desconfiava-se de uma manobra para forjar a morte do
médico nazista e prolongar
sua clandestinidade.
A identificação foi feita pela equipe do Instituto Médico
Legal de São Paulo. O reconhecimento foi confirmado
por uma equipe de especialistas da Universidade de São
Paulo.
Como Tuma pediu ao legista Fortunato Badan Palhares, de Campinas, a reconstituição facial de Mengele, surgiria depois uma longa controvérsia, em que alguns peritos e especialistas disputavam a responsabilidade pela
confirmação.
Em artigo que publicou na
Folha em maio de 2008, Tuma, a título de tratar dos cuidados a serem tomados em
perícias criminais, fez referência à descoberta que o
tornaria famoso.
"Tenho total confiança na
capacidade dos peritos do
Instituto de Criminalística e
do Instituto Médico Legal.
Razões me sobram, desde
que os requisitei para perícias difíceis, nos tempos desprovidos dos atuais recursos
técnico-científicos, como
aconteceu na descoberta dos
despojos do criminoso nazista Josef Mengele. O exame de
DNA, feito na Inglaterra anos
depois, serviu apenas para
confirmar as nossas conclusões", escreveu o senador.
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