São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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Para arcebispo, aborto é assunto de eleição

Dom Raymundo, de Aparecida, afirma que tema é relevante para "voto consciente"

FÁBIO AMATO
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA (SP)

O arcebispo de Aparecida (SP) e mais novo cardeal brasileiro, dom Raymundo Damasceno Assis, 73, defendeu ontem que temas relacionados ao "direito à vida" e ao matrimônio sejam debatidos pelos candidatos durante a campanha presidencial.
Para dom Raymundo, a discussão ajuda a esclarecer o eleitor, que, assim, votaria de maneira mais consciente.
Ele retornou ontem ao Brasil depois de participar de um encontro em Roma, quando recebeu a notícia de que o papa Bento 16 o escolheu para ser o nono cardeal brasileiro.

VALORES
Questionado sobre o papel da igreja nestas eleições e a polêmica sobre a descriminalização do aborto discutida na campanha, o arcebispo de Aparecida disse que, além das propostas e projetos, é importante saber dos candidatos "quais valores eles defendem ou se comprometem a defender" se eleitos.
"Há certos valores que são fundamentais para a convivência harmoniosa e pacífica do país, como a questão da vida, a questão dos direitos humanos, a questão da família e do matrimônio", disse ele, que não usou a palavra "aborto" na entrevista.
De acordo com ele, "o debate, quanto mais aberto e abrangente, tanto mais possibilita ao eleitor o voto mais consciente". Para Assis, a igreja não deve, porém, indicar aos católicos em que candidato votar, "a não ser em casos extremos".
Sobre a atitude do bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que orientou fiéis da cidade a não votar na candidata petista Dilma Rousseff por sua suposta posição favorável à descriminalização do aborto, ele disse que "cada bispo tem autonomia em sua diocese".
Bergonzini chamou o PT de "partido da morte" e da "mentira" e afirmou que encomendou os 2 milhões de panfletos, apreendidos pela Polícia Federal, que defendiam voto no candidato tucano à Presidência, José Serra.
Os panfletos foram impressos na gráfica Pana, em São Paulo, que pertence a Arlety Kobayashi, filiada ao PSDB e irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de Serra.
Questionado se orientou fiéis a votar em um determinado candidato ou partido nestas eleições, dom Raymundo respondeu que não.
"Achei que não deveria fazer isso. Mas dei critérios [para que os fiéis definissem o voto]", afirmou ele.

"SINAL DO PAPA"
A elevação de dom Raymundo a cardeal será oficializada em cerimônia no próximo dia 20, em Roma. Ele permanecerá no cargo de arcebispo de Aparecida.
Com dom Raymundo Damasceno Assis, o Brasil passa a ter cinco cardeais em condições de eleger e de serem eleitos papa (os outros quatro perderam o direito por terem mais de 80 anos).
Ele se disse surpreso com a sua indicação e avaliou que a decisão é "um sinal do papa Bento 16 de atenção e apreço pela Igreja [Católica] na América Latina e no Brasil".


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