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Para arcebispo, aborto é assunto de eleição
Dom Raymundo, de Aparecida, afirma que tema é relevante para "voto consciente"
FÁBIO AMATO
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA (SP)
O arcebispo de Aparecida
(SP) e mais novo cardeal brasileiro, dom Raymundo Damasceno Assis, 73, defendeu
ontem que temas relacionados ao "direito à vida" e ao
matrimônio sejam debatidos
pelos candidatos durante a
campanha presidencial.
Para dom Raymundo, a
discussão ajuda a esclarecer
o eleitor, que, assim, votaria
de maneira mais consciente.
Ele retornou ontem ao Brasil depois de participar de um
encontro em Roma, quando
recebeu a notícia de que o papa Bento 16 o escolheu para
ser o nono cardeal brasileiro.
VALORES
Questionado sobre o papel
da igreja nestas eleições e a
polêmica sobre a descriminalização do aborto discutida
na campanha, o arcebispo de
Aparecida disse que, além
das propostas e projetos, é
importante saber dos candidatos "quais valores eles defendem ou se comprometem
a defender" se eleitos.
"Há certos valores que são
fundamentais para a convivência harmoniosa e pacífica
do país, como a questão da
vida, a questão dos direitos
humanos, a questão da família e do matrimônio", disse
ele, que não usou a palavra
"aborto" na entrevista.
De acordo com ele, "o debate, quanto mais aberto e
abrangente, tanto mais possibilita ao eleitor o voto mais
consciente". Para Assis, a
igreja não deve, porém, indicar aos católicos em que candidato votar, "a não ser em
casos extremos".
Sobre a atitude do bispo de
Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que orientou
fiéis da cidade a não votar na
candidata petista Dilma
Rousseff por sua suposta posição favorável à descriminalização do aborto, ele disse
que "cada bispo tem autonomia em sua diocese".
Bergonzini chamou o PT
de "partido da morte" e da
"mentira" e afirmou que encomendou os 2 milhões de
panfletos, apreendidos pela
Polícia Federal, que defendiam voto no candidato tucano à Presidência, José Serra.
Os panfletos foram impressos na gráfica Pana, em
São Paulo, que pertence a Arlety Kobayashi, filiada ao
PSDB e irmã do coordenador
de infraestrutura da campanha de Serra.
Questionado se orientou
fiéis a votar em um determinado candidato ou partido
nestas eleições, dom Raymundo respondeu que não.
"Achei que não deveria fazer isso. Mas dei critérios [para que os fiéis definissem o
voto]", afirmou ele.
"SINAL DO PAPA"
A elevação de dom Raymundo a cardeal será oficializada em cerimônia no próximo dia 20, em Roma. Ele
permanecerá no cargo de arcebispo de Aparecida.
Com dom Raymundo Damasceno Assis, o Brasil passa a ter cinco cardeais em
condições de eleger e de serem eleitos papa (os outros
quatro perderam o direito
por terem mais de 80 anos).
Ele se disse surpreso com a
sua indicação e avaliou que a
decisão é "um sinal do papa
Bento 16 de atenção e apreço
pela Igreja [Católica] na América Latina e no Brasil".
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