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ANÁLISE
Dilma e Serra apostam na confusão para tentar vencer
PETISTA ENTOA O DISCURSO DE QUE SER CONTRA A PETROBRAS É SER CONTRA O BRASIL; TUCANO EVITA DISCUTIR EXPLORAÇÃO DO PRÉ-SAL
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
Na disputa pelos dividendos do filé mignon e da carne
de pescoço, Dilma Rousseff e
José Serra perdem uma boa
chance de debater o futuro
do setor de petróleo no Brasil
e apostam na confusão para
vencer o adversário.
Enquanto a petista entoa e
estimula o batido discurso
nacionalista de que ser contra a Petrobras é ser contra o
Brasil, o tucano escapa pela
tangente e evita aprofundar a
discussão sobre a exploração
do pré-sal no país.
Dilma, na ânsia de acuar
seu oponente, escorrega e reduz a importância das atuais
reservas de petróleo brasileiro, perto dos 14 bilhões de
barris -classificadas por ela
de carne de pescoço por ser
um óleo mais pesado.
Não tivesse apenas como
objetivo abater o tucano, reconheceria que foram essas
reservas, exploradas em boa
parte graças ao modelo tucano de concessões, que afastaram o país da dependência
do óleo importado.
Passou, assim, a imagem
de quem não reconhece que
foi a carne de pescoço de ontem que garantiu o filé mignon de amanhã -a definição
dada pela candidata para o
petróleo de melhor qualidade e maior quantidade das
reservas do pré-sal.
Serra, do seu lado, tacha
de privatização as concessões para exploração de petróleo dadas a empresas estrangeiras no governo Lula.
Ratifica, indiretamente, o
mantra dilmista de que o tucanato quer privatizar o pré-sal ao defender a manutenção do modelo atual.
O tucano evita, por sinal,
assumir posições claras sobre o novo modelo de exploração de petróleo defendido
pelos petistas, o de partilha
de produção.
Diz que não vai privatizar a
Petrobras, mas não esclarece
se fecha com seu partido,
contrário à proposta do governo Lula.
Há quem diga que Serra topa a mudança de modelos
por avaliar que outros países
adotaram caminhos semelhantes ao descobrir reservas
de grande potencial como as
do pré-sal.
Não se sabe, porém, se
apoia que a estatal seja operadora única do pré-sal e sócia de pelo menos 30% de todos os campos.
O mercado duvida que a
Petrobras tenha fôlego para
explorar o pré-sal num ritmo
que afaste o risco de o "bilhete premiado" (como o presidente Lula chamou as reservas) de hoje se transformar
num mico amanhã.
Afinal, diante da crise ambiental global, pesquisadores travam uma corrida na
busca de reduzir a dependência mundial dos combustíveis fósseis.
Se algo revolucionário surgir no médio prazo, parte do
tesouro do pré-sal pode perder seu valor.
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