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Camelô é preso ao tentar sacar R$ 5 mi no AM
Polícia suspeita que dinheiro seria usado para compra de votos; verba foi transferida para conta por empreiteira
PF diz não saber qual campanha política seria beneficiada; empresa investigada no caso tem contrato com prefeitura
KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
A Polícia Federal em Manaus investiga a existência
de suposto esquema de compra de votos na campanha
eleitoral que envolve a empreiteira Emparsanco e a
Santher, empresa apontada pelo órgão como fantasma.
Na última semana antes
do primeiro turno das eleições, a PF prendeu o vendedor ambulante Edivaldo Lopes de Aguiar na porta de
uma agência bancária em
Manaus sob a acusação de
uso de documento falso. Ele
tinha viajado de São Paulo à
capital amazonense para sacar R$ 5 milhões em dinheiro.
A PF diz que chegou a ele
após uma denúncia de que
os R$ 5 milhões seriam usados para compra de votos
-não se sabe se no Amazonas ou se em outro Estado.
O órgão diz não saber também qual campanha seria
beneficiada com a suposta compra de votos.
Com Aguiar, a PF apreendeu cinco ordens de pagamentos, cada uma de R$ 1
milhão, emitidas pela Santher em nome do sócio majoritário da empresa, Francisco
Edivaldo Lopes. O vendedor
se apresentou ao banco com uma identidade de Lopes.
Quebra de sigilo bancário
determinada pela Justiça Federal apontou que o dinheiro
foi transferido para a Santher
pela filial da empreiteira Emparsanco S/A, em Manaus.
A Santher tem endereços
de fachada, segundo a polícia -a reportagem foi aos locais atribuídos à Santher e
confirmou que eles não existem como empresa.
A Emparsanco S/A, com
sede em São Paulo, abriu
uma filial em Manaus em
2009 e, em seguida, ganhou
uma licitação da prefeitura,
para operação tapa-buraco,
no valor de R$ 69,9 milhões.
O prefeito Amazonino
Mendes (PTB) -coordenador
da campanha da presidenciável Dilma Rousseff (PT) no
Amazonas- autorizou pagamentos à Emparsanco.
O site da prefeitura informa que, de outubro de 2009
até maio de 2010, a empreiteira recebeu R$ 85,7 milhões
pelos serviços.
SUSPEITA
"Nos causou estranheza o
fato de uma pessoa vir de São
Paulo para sacar R$ 5 milhões aqui [em Manaus] no
período eleitoral. Levantamos o endereço da empresa
[Santher] declarado na Receita Federal e ela não existe", afirmou o delegado de
combate ao crime organizado Eduardo Fontes.
Ele disse que a PF apura a
origem do dinheiro. "Isto [o
contrato da Prefeitura de Manaus com a Emparsanco] está sendo levado em conta."
Aguiar cumpre prisão preventiva decretada pela Justiça Federal, que já lhe negou
liberdade provisória.
Com autorização da Justiça, a Folha teve acesso ao inquérito que apura crime de
uso de documento falso contra Aguiar. O outro inquérito,
sobre a origem do dinheiro e a suposta compra de votos, está sob segredo de Justiça.
Em depoimento na PF, o
vendedor se apresentou como Edivaldo Lopes de
Aguiar, 29, residente em São
Paulo. A todas as perguntas
feitas a ele no depoimento,
Aguiar respondeu: "Prefiro ficar calado".
Colaborou SÍLVIA FREIRE, de São Paulo
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