São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2011

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mercado em cima da hora

Sob impacto do dólar, lucro da Vale cai 25%

Desvalorização cambial eleva despesas com dívida atrelada à moeda e traz perdas com operações financeiras

Impacto é de R$ 4 bi, e lucro recua para R$ 7,9 bi; queda do minério deve afetar resultados futuros

PEDRO SOARES

DO RIO

A alta do dólar jogou por terra uma sequência de resultados recordes da Vale. De julho a setembro, o lucro da mineradora ficou em R$ 7,893 bilhões, 25,2% menor do que no mesmo período do ano passado e 23,2% abaixo do segundo trimestre.
A desvalorização cambial gerou um impacto negativo de R$ 4 bilhões no resultado da companhia ao elevar as despesas com sua dívida atrelada ao dólar e se traduzir em perdas com derivativos -operações para evitar prejuízos com a variação futura de moedas e produtos com cotações no mercado (commodities).
Apesar da queda no trimestre, o lucro da Vale subiu 47% nos nove primeiros meses do ano e atingiu R$ 29,5 bilhões.
Graças a preços mais altos do minério de ferro e à produção maior, a Vale viu o faturamento avançar 12% na comparação com o segundo trimestre e alcançar R$ 28,6 bilhões.
No terceiro trimestre, a produção de minério de ferro cresceu 9,8%. O maior volume de vendas, segundo a Vale, foi o principal responsável pelo aumento do faturamento e compensou a queda dos preços de outros produtos (cobre e níquel).
Mas os resultados não devem ser tão vigorosos assim neste último trimestre de 2011 e no primeiro do ano que vem, segundo analistas.
É que, diante da crise, as cotações do minério ferro no mercado à vista (referência para o sistema de reajuste da mineradora) estão em forte queda e siderúrgicas (principais clientes da Vale) já anunciaram cortes na produção de aço -inclusive na China, principal destino das vendas da Vale.
Antes dessa virada do mercado, a Vale registrou geração de caixa recorde (lucro antes de impostos e outros pagamentos) de R$ 16,1 bilhões no terceiro trimestre, com alta de 9% na comparação com o segundo trimestre.

FUTURO
Na visão de analistas do Itaú, os resultados "vão enfraquecer-se ligeiramente" no quarto trimestre com menores vendas de minério de ferro e preços mais baixos de outros metais.
Pela fórmula de reajuste, a queda atual das cotações do minério só terá impacto nos três primeiros meses de 2012.
Para Mario Mariante, da corretora Planner, há uma desaceleração em curso que irá afetar a Vale, mas não será "nada drástico".
O analista ressalta, porém, que a mineradora tem "situação confortável" de caixa e está capitalizada. Além disso, aproveitou bem a alta do minério de ferro que vigorou até o terceiro trimestre.


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