São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

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Argentina é hostil com imprensa, diz "Clarín"

Editor diz que governo criou exército de jornalistas "militantes" para atacar oposição

Sergio Lima/Folhapress
O editor-geral do jornal argentino "Clarín", Ricardo Kirschbaum, que está em Brasília para receber prêmio da ANJ

RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA

Editor-geral do maior jornal da Argentina desde 2003, Ricardo Kirschbaum, 62, afirma que o governo Cristina Kirchner organiza com dinheiro público um exército de jornalistas "militantes" para atacar a oposição e a mídia não aliada.
O jornal teve boa relação com os Kirchner até 2007, mas hoje trava uma relação conflituosa com a Casa Rosada -que culminou, em março, com o bloqueio por sindicalistas pró-governo do parque gráfico do jornal, impedindo a circulação da edição.

 

Folha - Qual é a atual situação da imprensa na Argentina?
Ricardo Kirschbaum -
O governo diz promover a pluralidade de opiniões, fomentar a livre discussão de ideias e a mais irrestrita liberdade de imprensa. Isso é no plano formal. No plano real, essas afirmações são ilusão. Em geral, o governo tem uma atitude hostil com a imprensa, considera que é um inimigo a combater. A partir dessa definição, se produz algo como o jornalismo militante.
São militantes políticos.
Participam de campanhas políticas contra a oposição ou contra jornalistas que considerem críticos. O governo criou, com dinheiro oficial, um conglomerado de mídia pública e privada.

Qual a posição do jornal sobre a Lei de Serviços Audiovisuais, aprovada em 2009?
O governo criou uma lei com o objetivo declarado de promover a diversidade e ter uma atitude anti-monopólica, mas, na verdade, quer criar muitos meios que dizem o mesmo e que dependem de um só financiamento.

O objetivo não seria apenas evitar a concentração?
O objetivo é silenciar todas as vozes críticas. Como o "Clarín" tem independência econômica e tem penetração na sociedade, a meta é impedir que exista o exercício do jornalismo independente na Argentina, com o conceito de que os jornais e os meios de comunicação não são meios de comunicação, mas partidos políticos.

FOLHA.com
Veja a entrevista do editor-geral do "Clarín"
folha.com.br/mm922031


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