|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Censura prévia à mídia preocupa jornalistas e magistrados no Brasil
Representantes da imprensa e do Judiciário defendem lei de acesso a dados públicos
DE BRASÍLIA
Representantes do Judiciário e de empresas de comunicação manifestaram
ontem preocupação com
obstáculos à liberdade de imprensa na América Latina,
como, no caso do Brasil, a
censura prévia adotada por
juízes de primeira instância.
Advogados, ministros e
jornalistas se reuniram no
Fórum Internacional Liberdade de Imprensa e Poder Judiciário, promovido por ANJ
(Associação Nacional de Jornais), SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) e STF
(Supremo Tribunal Federal)
No encontro, eles defenderam a aprovação da lei de
acesso a informações públicas, que tramita no Senado.
Segundo Judith Brito, presidente da ANJ e superintendente do Grupo Folha, o projeto faz "parte de todo o processo de construção de uma
sociedade democrática".
Se aprovada como está, a
lei acaba com o sigilo eterno
de documentos e cria regras
facilitadas para obtenção de
informações públicas.
O presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), e o
senador Fernando Collor
(PTB-AL), entretanto, são
contra o texto e têm impedido à sua votação na Casa.
No fórum, o "Clarín", que
pertence ao maior conglomerado de mídia da Argentina,
recebeu o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2011.
O encontro também foi
marcado por críticas a decisões da Justiça que proibiram
a veiculação de reportagens
ou o acesso a documentos.
"Hoje, o inimigo da liberdade de imprensa é um pequeno setor do Poder Judiciário, refratário e intolerante",
afirmou o ministro do STF
Carlos Ayres Britto.
A advogada da Folha Tais
Gasparian fez um paralelo
com a ditadura (1964-1985).
"Nos tempos da ditadura,
pelo menos havia um censor
que analisava o que poderia
ou não ser publicado. A censura judicial é ainda mais
grave, porque ocorre sem o
conteúdo das reportagens."
O diretor-executivo da SIP,
Julio Muñoz, citou a censura
ao jornal "O Estado de S. Paulo", proibido de publicar reportagens relacionadas a investigação contra o empresário Fernando Sarney.
Já o presidente do STF, Cezar Peluso, disse que o juiz
tem que aprender que o jornalista "não é inimigo".
Texto Anterior: Argentina é hostil com imprensa, diz "Clarín" Próximo Texto: Serra recusa presidência de conselho Índice | Comunicar Erros
|