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Aliado livra irmã de Sarney de dívida
Pagamento de R$ 9.200 foi imposto pelo TCU por irregularidades no INSS do MA no período em que Ana Maria atuou
Irmã do senador havia perdido nas câmaras em que o ministro indicado por Sarney não estava; eles negam influência
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
A irmã do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), não terá de pagar dívida
de R$ 9.200 arbitrada pelo
Tribunal de Contas da União
graças à atuação do ministro
Raimundo Carreiro, indicado
ao tribunal pelo senador.
O ministro foi secretário-geral do Senado por 12 anos,
período em que Sarney, amigo e conterrâneo, presidiu a
Casa por duas vezes.
As relações da família de
Carreiro com o senador envolvem também nepotismo.
A mulher, dois filhos e uma
sobrinha do ministro trabalharam no órgão até a proibição do nepotismo. Foram demitidos, mas Sarney já recontratou a mulher do ministro.
A irmã de Sarney, Ana Maria da Costa Bastos, também
traz em seu currículo um caso de nepotismo. Foi a única
parente de Sarney que já trabalhou em seu gabinete.
Antes de Carreiro atuar no
processo do TCU, Ana Maria
recorreu e perdeu duas vezes
no tribunal, nas câmaras que
não têm como membro o ministro indicado por Sarney.
No terceiro recurso, o relator Benjamim Zymler anunciou que iria votar contra Ana
Maria, mas mudou o voto
após Carreiro pedir vista e se
tornar o revisor do processo.
"O processo foi incluído
com a proposta de não conhecimento do recurso. Entretanto, após pedido de vista, destaco a valiosa contribuição do eminente ministro
Raimundo Carreiro, pois as
linhas principais de argumentação constantes de seu
voto revisor foram adotadas
neste voto", relatou Zymler.
O ministro afirma que não
vê "conflito de interesse" e
Sarney nega interferência.
Ana Maria não respondeu
aos telefonemas.
O pagamento havia sido
imposto pelo TCU em razão
de irregularidades no período em que Ana Maria foi superintendente substituta do
INSS no Maranhão, em 1989.
Ela liberou o pagamento
integral, R$ 177 mil, a uma
construtora que entregou
apenas 54% de uma obra.
A dívida de R$ 9.200 refere-se ao valor que Ana Maria
teria lesado os cofres públicos ao autorizar o pagamento. O montante foi atualizado
monetariamente, mas não
estão embutidos juros.
A irmã de Sarney conseguiu com a decisão do TCU
que seu nome fosse retirado
do Cadin, o cadastro de inadimplentes do governo.
No julgamento, Carreiro
argumentou que Ana Maria
era substituta e apenas assinou a liberação. Portanto,
não poderia ser responsabilizada. Os demais ministros o
acompanharam para rejeitar
a avaliação do TCU, que se
manteve contra Ana Maria.
"O mínimo exigível do ordenador de despesas, ainda
que em exercício eventual de
substituição, para a autorização de pagamento, era o termo de recebimento da obra,
o que não ocorreu", diz parecer de secretaria do TCU.
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