São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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PF pede quebra de sigilos de empreiteiras

Polícia quer descobrir origem de R$ 5 mi que seriam sacados por ambulante preso na porta de banco de Manaus

Dona do dinheiro, empresa tem endereços de fachada; PF investiga se recursos serviriam para comprar votos

KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

A Polícia Federal em Manaus vai pedir hoje à Justiça Federal a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empreiteira Emparsanco e de mais seis empresas (cujos nomes não foram revelados) investigadas por suspeita de envolvimento em suposto esquema de compra de votos.
O objetivo é encontrar a origem dos R$ 5 milhões que seriam sacados na véspera do primeiro turno das eleições pelo vendedor ambulante identificado como Edivaldo Lopes de Aguiar.
A PF prendeu Edivaldo no dia 28 de setembro na porta de uma agência bancária da capital amazonense depois de receber uma denúncia de que os recursos serviriam para comprar votos.

FACHADA
Segundo a investigação, o dinheiro prestes a ser sacado estava na conta da empreiteira Santher Ltda -que, de acordo com a PF, possui endereços de fachada- e foi transferido por uma filial em Manaus de outra empreiteira: a Emparsanco S/A, alvo principal da investigação.
A polícia ainda não sabe qual campanha política seria beneficiada.
Na agência, Aguiar apresentou cinco ordens de pagamentos, cada uma de R$ 1 milhão, emitidas pela empreiteira Santher Ltda. Ele se apresentou como Francisco Edivaldo Lopes, sócio majoritário da empresa, diz a PF.
Ontem, a reportagem foi aos endereços atribuídos à Santher em Manaus e em São Paulo e confirmou que lá não funciona nenhuma empresa -são apenas moradias.

LICITAÇÃO
A Emparsanco S/A, com sede em São Paulo, abriu uma filial em Manaus em 2009 e, em seguida, ganhou uma licitação da prefeitura - para realizar uma operação tapa-buraco- no valor de R$ 69,9 milhões.
O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), que é coordenador da campanha da presidenciável Dilma Rousseff (PT) no Amazonas, autorizou pagamentos à Emparsanco.
A Prefeitura de Manaus confirmou ontem à reportagem que, de outubro de 2009 até maio deste ano, a empreiteira recebeu R$ 85,7 milhões pelos serviços.

DOCUMENTO FALSO
Outro inquérito, que apura o crime de uso de documento falso pelo ambulante, foi concluído ontem.
O relatório diz que o RG e certidão de nascimento dele também são falsos. Por isso a polícia diz não ter certeza se Edivaldo Lopes de Aguiar é o nome verdadeiro do vendedor ambulante.
Aguiar apresentou também, no dia de sua prisão, documentos em nome de Francisco Edivaldo Lopes.
Uma perícia constatou que os documentos de identidade de Lopes, emitidos em São Paulo, Minas Gerais e Ceará, são falsos.
O crime prevê reclusão mínima de quatro anos. "Esse homem é um laranja da Santher", afirmou o delegado de combate ao crime organizado da PF Eduardo Fontes.
O inquérito que investiga a participação de empreiteiras em suposto esquema de compra de votos está sob segredo de Justiça.


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