|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
PF pede quebra de sigilos de empreiteiras
Polícia quer descobrir origem de R$ 5 mi que seriam sacados por ambulante preso na porta de banco de Manaus
Dona do dinheiro, empresa tem endereços de fachada; PF investiga se recursos serviriam para comprar votos
KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
A Polícia Federal em Manaus vai pedir hoje à Justiça
Federal a quebra dos sigilos
bancário, fiscal e telefônico
da empreiteira Emparsanco e
de mais seis empresas (cujos
nomes não foram revelados)
investigadas por suspeita de
envolvimento em suposto esquema de compra de votos.
O objetivo é encontrar a
origem dos R$ 5 milhões que
seriam sacados na véspera
do primeiro turno das eleições pelo vendedor ambulante identificado como Edivaldo Lopes de Aguiar.
A PF prendeu Edivaldo no
dia 28 de setembro na porta
de uma agência bancária da
capital amazonense depois
de receber uma denúncia de
que os recursos serviriam para comprar votos.
FACHADA
Segundo a investigação, o
dinheiro prestes a ser sacado
estava na conta da empreiteira Santher Ltda -que, de
acordo com a PF, possui endereços de fachada- e foi
transferido por uma filial em
Manaus de outra empreiteira: a Emparsanco S/A, alvo
principal da investigação.
A polícia ainda não sabe
qual campanha política seria
beneficiada.
Na agência, Aguiar apresentou cinco ordens de pagamentos, cada uma de R$ 1
milhão, emitidas pela empreiteira Santher Ltda. Ele se
apresentou como Francisco
Edivaldo Lopes, sócio majoritário da empresa, diz a PF.
Ontem, a reportagem foi
aos endereços atribuídos à
Santher em Manaus e em São
Paulo e confirmou que lá não
funciona nenhuma empresa
-são apenas moradias.
LICITAÇÃO
A Emparsanco S/A, com
sede em São Paulo, abriu
uma filial em Manaus em
2009 e, em seguida, ganhou
uma licitação da prefeitura -
para realizar uma operação
tapa-buraco- no valor de R$
69,9 milhões.
O prefeito de Manaus,
Amazonino Mendes (PTB),
que é coordenador da campanha da presidenciável Dilma Rousseff (PT) no Amazonas, autorizou pagamentos à
Emparsanco.
A Prefeitura de Manaus
confirmou ontem à reportagem que, de outubro de 2009
até maio deste ano, a empreiteira recebeu R$ 85,7 milhões
pelos serviços.
DOCUMENTO FALSO
Outro inquérito, que apura
o crime de uso de documento
falso pelo ambulante, foi
concluído ontem.
O relatório diz que o RG e
certidão de nascimento dele
também são falsos. Por isso a
polícia diz não ter certeza se
Edivaldo Lopes de Aguiar é o
nome verdadeiro do vendedor ambulante.
Aguiar apresentou também, no dia de sua prisão,
documentos em nome de
Francisco Edivaldo Lopes.
Uma perícia constatou que
os documentos de identidade de Lopes, emitidos em São
Paulo, Minas Gerais e Ceará,
são falsos.
O crime prevê reclusão mínima de quatro anos. "Esse
homem é um laranja da Santher", afirmou o delegado de
combate ao crime organizado da PF Eduardo Fontes.
O inquérito que investiga a
participação de empreiteiras
em suposto esquema de compra de votos está sob segredo
de Justiça.
Texto Anterior: Renata Lo Prete: Pesquisas já não servem de conforto Próximo Texto: Outro lado: Emparsanco diz que, por ora, não vai se manifestar Índice | Comunicar Erros
|