São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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Verde diz que prefere perder a ganhar no "vale-tudo"

GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A GRAMADO (RS)

Estacionada em terceiro lugar na corrida presidencial, a senadora Marina Silva (PV-AC) disse que prefere ser derrotada na eleição a vencer o pleito "a qualquer preço".
Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou a pré-candidata com 12% das intenções de votos, enquanto os oponentes José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) aparecem empatados com 37%.
Ontem, ao discursar em Gramado, no Rio Grande do Sul, Marina usou um jogo de palavras com os verbos ganhar e perder para sustentar que é melhor a derrota "com princípios" à vitória abrindo mão deles.
"Você ganha perdendo quando, para ganhar, vale tudo. Você pode perder ganhando quando mantém os princípios", disse. "Isso não significa quantidade de votos. Você pode sair maior mesmo quando você perde."
A pré-candidata enfrenta dificuldades como a debilidade de palanques estaduais e a falta de tempo na TV para crescer nas pesquisas e sobreviver à polarização entre tucanos e petistas.
Um dia depois de Dilma e Serra, Marina viajou a Gramado para discursar no Congresso Brasileiro de Secretarias Municipais de Saúde.
Assim como eles, Marina prometeu tirar do papel a emenda constitucional 29, que prevê aumento de investimentos federais na saúde, sem indicar exatamente de onde sairiam os recursos.
Mas ela disse que, em sua proposta, o percentual de 10% da Receita Federal para o setor seria alcançado gradualmente, e não em um "passe de mágica".
"Não acredito em mágica, até porque essa coisa de mágica aparece muito em período de campanha. [Foram] 16 anos em que as pessoas tiveram a oportunidade e não fizeram", disse ela, referindo-se ao período de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República.
Ex-ministra do Meio Ambiente de Lula de 2003 a 2008, a senadora trocou o PT pelo PV no ano passado para disputar a Presidência. No evento dos gestores de saúde, Marina foi mais aplaudida que Serra e Dilma.
A pré-candidata do PV falou sobre sua vida para ilustrar o seu "compromisso" com a saúde pública.
"O médico olhou para mim e para minha tia que havia me levado e disse: "Essa daí já está com a alma no inferno há muito tempo". Quando vocês falam em acolhimento e em humanização da saúde, eu tenho um compromisso visceral com isso."


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