São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2011

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BC indica que ciclo de alta dos juros está perto do fim

Instituição diz que medidas de restrição ao crédito ainda reduzirão inflação

Ata sobre reunião na semana passada que subiu juros para 12,50% mostra preocupação com cenário externo

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O Banco Central reforçou as apostas de que o ciclo de alta dos juros está próximo do fim, com a divulgação ontem da ata do Copom (Comitê de Política Monetária).
Um dos sinais de que o BC poderá interromper em breve o aperto monetário é a avaliação de que as medidas de restrição ao crédito e o aumento recente dos juros ainda terão seus efeitos incorporados aos preços, o que tende a se acentuar neste semestre.
No documento em que explica porque elevou a taxa básica de 12,25% para 12,50% ao ano na semana passada, o BC avalia que o cenário para a inflação mostra sinais mais favoráveis.
As projeções divulgadas na ata, no entanto, mostram o contrário. A estimativa para 2012 continua acima do centro da meta de 4,5%. Somente no primeiro semestre de 2013, a projeção oficial fica "ao redor" desse patamar.
O BC destaca ainda a "deterioração adicional" no cenário externo. Aumentaram as preocupações com as dívidas de países e bancos europeus e com a possibilidade de desaceleração econômica na China. Esses são fatores que podem contribuir para segurar os preços no Brasil.
A instituição faz, no entanto, ressalvas. Avalia que incertezas, principalmente fora do país, não permitem identificar "com clareza" a persistência de pressões inflacionárias recentes.
A expansão da oferta de crédito, por exemplo, tende a persistir, apesar das indicações de que houve "certo arrefecimento". O mercado de trabalho também segue preocupando, por conta dos reajustes salariais.
Por isso, o BC deixou aberta a possibilidade de promover mais elevações na taxa de juros, se necessário.
Cristiano Souza, economista sênior do Santander, avalia que as projeções de inflação acima do centro da meta indicam que são necessárias mais elevações de juros. Ele projeta mais duas, para 13% ao ano:
"Não é um cenário tranquilo. O trabalho não pode ser considerado terminado."
Para ele, não houve melhora que justifique uma parada no ciclo de aperto monetário. "É possível que isso aconteça, mas a probabilidade é baixa", avalia.
O Itaú-Unibanco, por outro lado, projeta uma última alta de juros em agosto, para 12,75% ao ano, mas diz que a chance de que a taxa básica pare de subir é elevada.
Segundo a instituição, a piora do cenário externo e a maior convicção do BC de que a atividade doméstica está desacelerando sugerem a proximidade ou o fim do processo de alta dos juros.


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