|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Serra elogia papa; Dilma não vê prejuízo
Tucano diz que Bento 16 tem "pleno direito" de orientar fiéis, e petista nega relação entre texto e polêmica do aborto
Candidato do PSDB faz campanha com caráter religioso, e adversária reafirma sua posição
contrária à prática
Alan Marques/Folhapress
|
|
Candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff participa de reunião com representantes da Federação Única dos Petroleiros
DO ENVIADO A UBERLÂNDIA (MG)
DE BRASÍLIA
No dia em que o papa condenou o aborto e pediu para
os bispos brasileiros orientarem politicamente os fiéis católicos, o candidato José Serra (PSDB) elogiou Bento 16 e
retomou o tom religioso na
sua campanha.
"O fato é que o líder espiritual mundial da Igreja Católica tem pleno direito de emitir
as suas diretrizes e orientações para os católicos do
mundo. Ele tem plena liberdade de fazê-lo, é um guia espiritual muito importante",
disse Serra, em Uberlândia.
"E defesa da vida é o que
merece fazer parte das palavras do papa, além do que é
previsível, além do que é
bom para o mundo ouvir isso, a defesa da vida."
Antes de dar entrevista,
Serra também imprimiu tom
religioso em dois momentos
de sua campanha ontem.
Primeiro, ganhou de presente uma imagem de Nossa
Senhora da Abadia, padroeira de cidades do Triângulo
Mineiro, que ele ergueu como se fosse uma taça.
Depois, em discurso, citou
a Bíblia para enaltecer sua
estada em Minas, onde estava na companhia dos senadores eleitos Aécio Neves
(PSDB) e Itamar Franco (PPS)
e do governador Antonio
Anastasia (PSDB).
"Eu não sei qual é o trecho
da Bíblia, mas há um trecho
na Bíblia que Deus vem a Salomão, em sonho, no dia em
que ele assume o reinado, e
oferece a ele qualquer coisa:
"Tudo que você quiser será
dado". E Salomão respondeu:
"Eu só quero uma coisa, sabedoria e conhecimento", disse
Serra, sob aplausos.
DILMA
Dilma Rousseff (PT) também comentou a declaração
de Bento 16 ontem. A presidenciável disse que não vê
prejuízos para sua campanha na mensagem do papa
para que bispos brasileiros
preguem voto contra políticos que defendam a descriminalização do aborto.
Ela negou qualquer constrangimento com a fala e afirmou que é preciso respeitar o
posicionamento do papa
que, segundo ela, é uma
orientação. "Eu acho que é a
posição do papa e tem que
ser respeitada. Ele tem o direito de manifestar o que
pensa. É a crença dele."
Antes de ser candidata,
Dilma defendeu abertamente a descriminalização da
prática. Já na campanha, disse ser contra e que a discussão cabe ao Congresso.
Para Dilma, a manifestação de Bento 16 não tem relação com os rumores que circularam contra ela em templos e igrejas de que a petista
defenderia o aborto.
"Vamos separar as questões. Eu não acho que o papa
tem nada a ver com isso. No
Brasil, ocorreu outra coisa:
uma campanha que não veio
à luz do dia. Foi uma campanha de difamações, calúnias
e algumas feitas ao arrepio
da lei. Ele [papa] veio a público e falou a posição dele",
afirmou.
A candidata reafirmou que
é "pessoalmente contra o
aborto", mas defendeu que a
prática seja tratada como
questão de saúde pública.
(PAULO PEIXOTO, MÁRCIO FALCÃO E RANIER BRAGON)
Texto Anterior: Análise/Religião: Papa asfixiou esquerda, e agora promove agenda Próximo Texto: Bispos aprovam fala de papa acerca de engajamento Índice | Comunicar Erros
|