São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2010

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Justiça decreta quebra de sigilos bancário e fiscal de tesoureiro do PT

João Vaccari Neto é acusado de desvios na Bancoop; ele nega

DE SÃO PAULO

A Justiça decretou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do tesoureiro do PT João Vaccari Neto, acusado pelo Ministério Público de realizar desvios de recursos da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) para ex-dirigentes da entidade e campanhas do PT.
Vaccari e outros cinco acusados passaram a ser réus em ação criminal, segundo a decisão de anteontem da juíza Patrícia Silva, da 5ª Vara Criminal Central de São Paulo.
Com o despacho da magistrada, Vaccari terá que se defender contra a acusação de ter cometido os crimes de lavagem de dinheiro, estelionato consumado e tentado, formação de quadrilha e falsidade ideológica, quando atuou como dirigente da cooperativa habitacional.
A atual diretora da Bancoop Ana Maria Érnica também teve os sigilos bancário e fiscal quebrados.
Segundo a decisão de Silva, "há relevante suspeita de envolvimento dos referidos acusados [Vaccari e Ana Maria] na prática dos crimes descritos na denúncia".
A juíza, porém, negou o pedido da Promotoria de que fosse determinado o sequestro de bens de Vaccari, Ana Maria e do ex-dirigente da cooperativa, Tomás Edson Botelho Fraga.
De acordo com Silva, "não há indícios suficientes da origem ilícita dos bens".
Vaccari foi um dos dirigentes da cooperativa de 1999 a 2004 e presidiu a Bancoop de 2005 até o início de 2010, quando assumiu o posto de tesoureiro do PT.
A denúncia, de autoria do promotor criminal José Carlos Blat, aponta que a atuação dos réus resultou em desvios de R$ 70 milhões dos cofres da entidade e em prejuízos de R$ 100 milhões aos cooperados da Bancoop.
A Bancoop não tirou do papel 19 dos 53 empreendimentos oferecidos aos cooperados, desde que foi criada para viabilizar a construção de unidades habitacionais.
O promotor disse que foi possível identificar nas investigações transferências de R$ 200 mil para o PT.
O advogado de Vaccari e Ana Maria, Luiz Flávio Borges D'Urso, afirmou que a denúncia do Ministério Público é "esdrúxula" e agora os clientes dele terão oportunidade de provar em juízo que não cometeram os crimes.
"Desde 2007 até hoje não foram dadas oportunidades para que os acusados fossem ouvidos. Isso fere o direito à ampla defesa", afirmou.
D'Urso disse que apresentará a defesa dos dois e recorrerá ao Tribunal de Justiça de São Paulo contra a parte da decisão que decretou a quebra dos sigilos.
As direções da Bancoop e do PT negam que recursos da cooperativa tenham sido desviados para campanhas petistas.
A Folha não localizou os advogados dos outros réus da ação. (FLÁVIO FERREIRA)


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