São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Dilma submete área ambiental ao seu ritmo

Petista nunca escondeu a insatisfação com os atrasos nas licenças, mas tentou mudar sua imagem na campanha


CANDIDATA, DILMA TRATOU DE PASSAR A MENSAGEM DE QUE DEFENDE CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O pacote ambiental lançado pela presidente Dilma era um de seus sonhos de consumo quando esteve no comando da Casa Civil na era Lula.
No governo de seu mentor, ela não escondia sua insatisfação com a equipe do Ministério do Meio Ambiente por conta de atrasos na liberação de licenças ambientais.
Ao lado dos entraves criados pelo TCU (Tribunal de Contas da União), Dilma apontava os ambientalistas do governo como um dos fatores para o "empacamento" do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Com certa razão, Dilma, à época, avaliava que dentro do grupo ambientalista havia quem buscasse os caminhos mais lentos para liberar licenças não por questões técnicas, mas ideológicas.
Resultado: bateu de frente com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), que deixou o governo Lula por considerar a luta perdida para a então chefe da Casa Civil.
Dilma ganhou a fama de inimiga do meio ambiente, daquela que atropelaria até a boa norma ambiental para acelerar o ritmo das obras de Lula -sua grande obsessão diante dos passos lentos dos projetos de infraestrutura.
Candidata, buscou mudar sua imagem junto ao mundo verde. Sem apagar seu passado de gerente, tratou de passar a mensagem de que defende crescimento econômico sustentável ambientalmente: as duas coisas poderiam caminhar juntas.
Na campanha, já no segundo turno, assumiu compromissos com os verdes, evitando que José Serra (PSDB) conquistasse a maior parte dos votos dados a Marina Silva.
Presidente, Dilma agradou os defensores da causa ambiental na discussão do Código Florestal ao endurecer com os ruralistas favoráveis a uma anistia para responsáveis por desmatamentos.
Agora, de surpresa, lança um pacote que visa cortar caminhos para acelerar suas obras. Falou mais forte seu lado gerencial, para desgosto dos ambientalistas. Não para os do comando do Ministério do Meio Ambiente, afinados com os planos presidenciais na era Dilma.


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