São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

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Concurso do Itamaraty terá cotas raciais

Ministério das Relações Exteriores será o primeiro órgão público federal a adotar reserva de vagas para negros

Mudança valerá apenas para primeira etapa da prova, que deverá ter 385 candidatos por vaga no próximo ano

JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA

O Itamaraty vai adotar cotas para negros no concurso do Instituto Rio Branco, de ingresso na carreira diplomática. A mudança passa a valer no concurso do ano que vem, que começa em março.
Hoje deve ser publicada no "Diário Oficial" da União a portaria assinada anteontem pelo ministro Celso Amorim.
Os detalhes da reserva de vagas estarão no edital do concurso, que será republicado na Imprensa Oficial e incluirá o número de vagas extras reservadas.
Segundo o Ministério do Planejamento, será o primeiro órgão público federal a usar cotas raciais. Atualmente, os concursos públicos têm vagas extras para deficientes físicos. Universidades já usam cotas raciais.
O Ministério das Relações Exteriores informou que não tem atualmente estatística de quantos negros integram o quadro de 1.300 diplomatas.
Em um discurso no Itamaraty, em 2009, o presidente Lula chegou a classificá-la como sede da aristocracia.

PRIMEIRA FASE
A reserva de vagas vai ser adotada apenas na primeira fase das provas, na qual 300 candidatos avançam.
Nesta etapa, os candidatos têm provas objetivas (de múltipla escolha ou certo e errado) de oito matérias.
Com a mudança das normas do concurso, passarão para a segunda etapa mais 30 afrodescendentes. A partir daí, eles disputarão em pé de igualdade com os outros inscritos até a última fase.
A prova para o Instituto Rio Branco é considerada uma das mais difíceis do setor público. Para 2011, a expectativa é receber 10 mil inscrições para 26 vagas.
Nos últimos cinco anos, o Ministério das Relações Exteriores preencheu em torno de cem vagas por concurso para ampliar o quadro de diplomatas. Mas, a partir do ano que vem, voltarão a ser abertas apenas vagas para suprir a média de funcionários que se aposentam por ano.

CRITÉRIOS
Márcio Rebouças, assistente da diretoria-geral do Instituto Rio Branco, afirmou que o critério para definir quem é afrodescendente deve ser o mesmo usado pelas universidades que têm cotas raciais. O candidato deve se autodeclarar negro.
Desde 2002, o ministério oferece bolsas para afrodescendentes que queiram estudar para o concurso.
Neste ano, 66 bolsistas receberam R$ 25 mil para pagar um curso preparatório, livros e custearem as despesas pessoais sem precisar trabalhar.
Segundo Rebouças, nos últimos oito anos foram aprovados 16 desses bolsistas. O diplomata considera um número elevado o de 8% que receberam o auxílio.
"É um percentual alto se considerarmos o número geral de candidatos que são aprovados no concurso."


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