São Paulo, sábado, 30 de abril de 2011

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Cúpula do PT aprova a volta de Delúbio por 60 votos a 15

Presidente do PT, Rui Falcão, diz que decisão expressa a opinião da maioria

Cândido Vaccarezza, líder do governo Dilma na Câmara, afirma que o tesoureiro do mensalão já "pagou pelo que fez"

CATIA SEABRA
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Por 60 votos a 15, o Diretório Nacional do PT aprovou na noite de ontem o retorno de Delúbio Soares ao partido, cinco anos e meio após sua expulsão sob acusação de integrar a cúpula do mensalão.
Entre os que votaram a favor do tesoureiro do esquema estão o ex-presidente do PT Ricardo Berzoini, o deputado Virgílio Guimarães (MG) e Bruno Maranhão -que liderou a invasão do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) à Câmara dos Deputados em 2006.
O novo presidente do PT, Rui Falcão, disse que a decisão representa a opinião da maioria da sigla de que o ex-tesoureiro pagou por seus erros nos últimos anos.
"Não existe expulsão perpétua. Representa a convicção da maioria de que ele já pagou pelos seus atos. (...) Ele teve um comportamento adequado ao que pensa o partido", afirmou Falcão, dizendo ainda não acreditar que a medida vá arranhar a imagem do partido.
Líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que a sigla tem a "tradição" de não defender "pena perpétua" para nenhum dos filiados.
"Ele foi punido, pagou pelo que fez. Temos um projeto político mais amplo do que um erro que o Delúbio cometeu", afirmou ele.
Após a votação, feita a portas fechadas, foram ouvidos gritos e aplausos.

HOTEL
Ausente na reunião do diretório, Delúbio foi representado pela sua mulher, Mônica Valente, que integra o comando nacional da sigla. Ele acompanhou a votação no Hotel Nacional, a poucos metros da sede do PT, com amigos a aliados políticos.
Renato Simões, da tendência Articulação de Esquerda, liderou o movimento contrário ao retorno do ex-tesoureiro. Ele citou a tradição católica para dizer que Delúbio não fez nenhuma autocrítica que merecesse o perdão. "Mas com esse bando de marxista aí dentro, não convenci ninguém", ironizou.
Também votaram contra Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, e Carlos Árabe, da Mensagem, entre outros.
Delúbio é um dos réus do processo do mensalão, que tramita no Supremo Tribunal Federal. Revelado em 2005 pela Folha, o esquema consistia no desvio de verbas públicas para compra de apoio político no Congresso. O PT afirma que tudo não passou de caixa dois eleitoral.
A aliados Delúbio tem manifestado a intenção de disputar cargo de vereador nas eleições municipais de 2012.
Mas, como a Folha revelou anteontem, ele está enquadrado nas restrições da Lei da Ficha Limpa, já que tem uma condenação colegiada sob a acusação de apresentar falsas declarações ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás para receber o salário de professor do Estado sem dar aulas. A defesa de Delúbio recorre da decisão ao Superior Tribunal de Justiça.


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