São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011

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Cenário atual não permite reduzir meta, afirmam economistas

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Apesar de o presidente do BC, Alexandre Tombini, ter dito no discurso de posse que a meta de inflação deve ser reduzida no futuro, economistas acham que isso não será possível no governo atual de Dilma Rousseff.
Hoje, o CMN (Conselho Monetário Nacional) anuncia oficialmente que a atual meta será mantida em 2013 em 4,5%, com margem de tolerância de 2,5% a 6,5%.
O BC já admite que não vai atingir o centro da meta de inflação em 2011 e 2012 e ontem elevou suas projeções.
O grande dilema é que a redução da meta exigiria juros ainda maiores no curto prazo, diminuindo a expansão econômica.
O ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas afirma que isso seria muito custoso. Como há excesso de dólares no mundo e os juros nos EUA estão baixos, a alta da taxa atrairia mais recursos.
A consequência seria a valorização ainda maior do real e a redução da competitividade das exportações.
Alguns especialistas, no entanto, argumentam que é preciso fazer sacrifícios agora para alcançar um crescimento duradouro no futuro.
O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, observa que uma inflação elevada alimenta os preços no futuro, pois as empresas tentam repassar seu aumento de custos para os produtos.
O mesmo ocorre com negociações salariais, quando trabalhadores pedem reajustes para recompor seu poder de compra que foi corroído.
A sócia da Galanto Consultoria Mônica de Bolle afirma que o Brasil perdeu a oportunidade de reduzir a meta em 2006, quando a inflação estava baixa. "Ainda há muita resistência em reduzir crescimento para conter inflação", critica. "Só com inflação mais baixa poderemos reduzir juros no longo prazo."
Já o consultor da LCA Carlos Eduardo Gonçalves afirma que não há evidências de que a meta de inflação mais baixa garantiria crescimento econômico no futuro.
Ele vê até desvantagens numa meta muito baixa que, explica, deixa pouco espaço para corte de juros em períodos recessivos, o que ocorreu nos EUA na crise de 2008.
Para Gonçalves, é mais importante reduzir o intervalo de tolerância. A margem muito ampla, afirma, torna a inflação menos previsível.
Levantamento da LCA mostra que a alta de preços é um problema global, mas mais sério no Brasil : metade dos 26 países com regime de metas está com inflação acima do objetivo. A do Brasil é a quinta mais alta.


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