Deputado se encontrou com petista pela primeira vez após ter tido candidatura vetada por acordo entre PT e PSB

Desconforto em anúncio indica que interferência petista não foi digerida; presença em campanha ainda não está acertada

MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) mostrou que ainda não digeriu a interferência do PT e do presidente Lula que implodiu sua candidatura à Presidência.
Após um almoço com a candidata petista, Dilma Rousseff, Ciro confirmou o apoio à presidenciável, mas não detalhou como será sua participação na campanha presidencial nem tirou fotos com a ex-ministra.
O deputado justificou sua reaproximação a Dilma dizendo que é "disciplinado". "O apoio nunca esteve em discussão. Meu partido tem uma posição formal e eu sou disciplinado", disse.
Esse foi o primeiro encontro de Ciro com a candidata desde que o PSB rejeitou em abril a candidatura própria em troca da aliança com a petista. Nitidamente desconfortável, o deputado -que chegou a dizer que José Serra (PSDB) era o mais preparado para enfrentar crises- voltou a atacar o partido.
"Considero ainda que meu partido não tomou uma posição correta, acho que foi uma posição errada. A democracia brasileira perdeu uma oportunidade de ampliar o debate, a discussão", disse.
Ciro, que disse ter laços de amizade com Dilma, afirmou estar disposto a recebê-la para fazer campanha no Ceará e que seu entusiasmo dependerá de suas "preocupações com o futuro do país".
Dilma voltou a elogiar o deputado afirmando que ele foi "leal" no escândalo do mensalão em 2005, um dos momentos mais difíceis do governo Lula, segundo ela.
A candidata afirmou que não há pressão para que Ciro, a quem chama de amigo, embarque em sua campanha.
"Ele vai ter o papel que quiser. Eu dei a ele a única coisa que posso dar: absoluta liberdade para fazer o que quiser. Não exijo nada, não peço nada. Se ele quiser participar ativamente vai participar", afirmou.
O encontro entre Dilma e Ciro foi patrocinado pelo presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e contou com ajuda do governador do Ceará, Cid Gomes, irmão de Ciro.
Os governadores esperam o empenho de Lula em suas campanhas pela reeleição. Líderes do PT e do PSB apostam que ao longo da campanha Ciro será mais ativo, inclusive com a gravação de propagandas. A expectativa é que ele atue regionalmente.


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