São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

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Consórcio contratou família de Paulo Preto

Peso Positivo, do genro e da mãe do ex-diretor da Dersa, recebeu R$ 91 mil de um dos construtores do Rodoanel

Advogado da empresa e assessoria do consórcio afirmam que o negócio foi realizado conforme exigências da legislação

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

Um dos consórcios construtores do Rodoanel contratou de forma emergencial e pagou R$ 91 mil à empresa do genro e da mãe do engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, à época em que Souza era diretor de Engenharia da estatal paulista Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.).
A companhia contratada pelo consórcio Andrade Gutierrez/Galvão no ano de 2009 foi a Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda. -ME, que tem como sócios Fernando Cremonini, genro de Souza, e Maria Orminda Vieira de Souza, mãe do engenheiro.
Souza foi diretor da Dersa de 2007 a abril deste ano.
Nesta semana, a bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo requisitou ao Ministério Público Estadual a abertura de uma investigação sobre os negócios da Peso Positivo.
O advogado da empresa e de Souza José Luís Oliveira Lima e a assessoria do consórcio afirmam que o negócio foi realizado com observância de todas as exigências previstas na legislação.
O capital social da Peso Positivo, constituída no ano de 2003, é de R$100 mil. Cremonini tem participação de 99% na sociedade, e Maria Orminda, 1%.
Cremonini é casado com a filha de Souza, a jornalista Tatiana Arana Souza Cremonini, que passou a ocupar o cargo de assistente técnica de gabinete no Palácio dos Bandeirantes, a partir de um decreto assinado pelo então governador José Serra (PSDB) em janeiro de 2007.
Atualmente Tatiana trabalha no cerimonial do Palácio, com remuneração de R$ 4.595, com gratificações.
A Peso Positivo tinha um contrato para fornecer serviços de guindastes na área do Lote 1 do trecho Sul do Rodoanel por um período de três meses, de acordo com a assessoria do consórcio.
A execução dos serviços, calculada por número de horas trabalhadas, foi concluída antes do previsto, em dois meses, segundo o advogado da Peso Positivo.
O nome de Souza veio à tona na campanha eleitoral depois que a candidata do PT Dilma Rousseff passou a citá-lo em debates na TV.
Dilma tem citado reportagem publicada pela revista "IstoÉ", que levantava a suspeita de que Souza teria desviado o valor de R$ 4 milhões que supostamente iria para um caixa dois da campanha de Serra à Presidência.
A candidata petista também vem citando o fato de o nome do engenheiro ter sido mencionado nos relatórios da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal.
A operação foi deflagrada para investigar a suposta ação ilegal de executivos da construtora Camargo Corrêa para fraudar licitações e pagar propinas a agentes públicos. As defesas da empreiteira, dos diretores e de Souza negam a prática de crimes.
As acusações de Dilma levaram Souza a entregar uma representação à Justiça Eleitoral com um pedido de que a candidata petista seja condenada pela prática de calúnia.
De acordo com a representação, Souza "nunca praticou qualquer espécie de apropriação de valores, nunca empreendeu fuga, nunca foi assessor de José Serra".


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