São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

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DEBATE

No último embate, Dilma e Serra evitam o confronto direto

CANDIDATOS NÃO TOCARAM EM NENHUM DOS TEMAS QUE MARCARAM O 2º TURNO   AUDIÊNCIA FOI A MAIS BAIXA ENTRE AS 3 ÚLTIMAS ELEIÇÕES

Marlene Bergamo/Folhapress
Serra responde a uma pergunta enquanto Dilma aguarda a sua vez

DE SÃO PAULO

Uma campanha marcada pela virulência e pelos ataques recíprocos no segundo turno terminou sem confronto direto e de forma anódina no décimo e último debate da eleição, ontem na TV Globo.
Com as regras engessadas pela proibição de perguntas entre eles ou de jornalistas, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (SP) optaram pela linha cautelosa e evitaram temas polêmicos e tom agressivo.
Temas como privatização, descriminalização do aborto e acusações de corrupção contra Erenice Guerra (Casa Civil), ex-braço direito de Dilma, e Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa no governo Serra, ficaram de fora.
O debate foi todo pautado por perguntas de eleitores indecisos,convidados pela emissora, em formato que tentou reproduzir os similares norte-americanos. Os temas foram sorteados.
A falta de temperatura se refletiu na audiência, a mais baixa desde 2002. No segundo turno de 2002 e de 2006, a média ficou em 38 pontos. Ontem, a média começou em 29 pontos no primeiro bloco e despencou para 14, no último, segundo dados preliminares do Ibope. Cada ponto equivale a 60 mil municípios na Grande São Paulo.
A tática de evitar ataques ríspidos às vésperas da votação é quase unanimidade entre marqueteiros. A avaliação é que qualquer "erro na dose" pode ter efeito adverso.
Diante disso, a saída dos candidatos foi trocar alfinetadas genéricas. Dilma tentou embutir críticas ao governo FHC como trampolim para elogiar a gestão Lula.
Atrás nas pesquisas, o tucano foi cauteloso até mesmo quando teve nas mãos uma pergunta sobre corrupção. Serra não citou o nome de Erenice, nem falou da quebra de sigilo fiscal de tucanos.
No limite, lembrou da compra do dossiê antitucanos, conhecido como "escândalo dos aloprados", em 2006. "A corrupção chegou a níveis insuportáveis. Os exemplos se repetem."
Na sequência, alfinetou dizendo ser preciso "fortalecer" e "não atacar" órgãos de fiscalização e a imprensa.
Dilma elogiou a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União. "Tem de investigar e punir doa a quem doer."
Em formato de arena, os candidatos puderam se movimentar livremente no palco. Serra carregou uma "colinha" à mão. Dilma irritou-se quando William Bonner cortou seu tempo -restavam alguns segundos no relógio.
Na dianteira das pesquisas, Dilma optou por exaltar sua participação em programas do governo Lula e a criticar a gestão FHC.
"No passado, o que se fazia no Brasil? Aumentava-se impostos, explodia a taxa de juros, e deixava de se investir. Nós, não. Reduzimos o IPI", afirmou.
A petista se despediu com queixas. "Foi uma campanha dura. Fiquei muito triste devido a um conjunto de calúnias na internet, mas não guardo mágoas".
Serra defendeu a sua biografia e pediu "mais um voto". "Se você já vota em mim, consiga um voto a mais".


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