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Horário eleitoral acaba com Lula e Bento 16
Dilma explora o apoio presidencial, e Serra usa discurso do papa contra o aborto no último programa no rádio
Em tom emocional, presidente agradece a Deus e diz que escolher a petista é como votar "um pouquinho" nele
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
No último dia de propaganda no rádio e na TV, os
presidenciáveis apelaram ao
presidente Lula e ao papa
Bento 16 para tentar conquistar eleitores indecisos.
O programa de Dilma
Rousseff (PT) apostou na popularidade recorde de Lula,
que passou um minuto e 27
segundos no vídeo e afirmou
que votar na candidata petista é votar "um pouquinho"
nele próprio.
A campanha de José Serra
(PSDB) omitiu os temas religiosos na TV, mas explorou
no rádio o discurso do papa
contra o aborto, pedindo que
o eleitor julgue a opinião dos
candidatos sobre o assunto.
A presença de Lula dominou o último programa petista. Ele apareceu em imagens
de arquivo das greves no ABC
e da festa da posse, em 2002.
Em tom de despedida, disse
ser "um homem profundamente agradecido a Deus" e
pediu que os brasileiros votem em Dilma como se o candidato ao Planalto fosse ele.
"Pela primeira vez depois
de cinco eleições, o meu retratinho não vai estar lá na
urna. Mas na hora que você
apertar o 13 e aparecer o retratinho da Dilma, você vai
estar votando na candidata
mais preparada [...] e também vai estar votando um
pouquinho em mim."
Lula discursou em figurino presidencial: terno preto,
bandeirinha na lapela e gravata verde e amarela, simulando o efeito da faixa.
De blusa branca, Dilma
mirou o eleitorado feminino,
com o qual ainda tem desempenho pior. "As mulheres batalharam muito para conquistar seus direitos. Minha
candidatura simboliza as novas conquistas", disse.
ABORTO
Os petistas exibiram a imagem de uma mãe mimando
uma criança para fazer uma
referência velada à questão
do aborto. Segundo o locutor, Dilma saberia que todo
país "tem de cuidar das suas
crianças desde o momento
que o coraçãozinho começa a
bater na barriga da mãe".
A narração ressaltou que
Dilma, se eleita, será a primeira mulher presidente e levará o "olhar feminino" para
o comando do país.
O programa de Serra no rádio também usou uma locutora para tratar do aborto.
Sem citar Dilma, os tucanos
insistiram na ideia de que ela
mudou o teor de suas declarações sobre o tema.
"É, gente, o discurso do
papa Bento 16 para os bispos
é uma reflexão sobre o direito
à vida e sobre a responsabilidade e a transparência das
ideias e dos compromissos
dos homens públicos", disse
a narração do PSDB.
"O governante deve ter
uma palavra hoje e a mesma
palavra amanhã, principalmente quando se trata de
problemas fundamentais como o aborto. A palavra do papa é uma palavra de amor à
vida. Pense nisso, e domingo
vote com consciência e amor
pelo Brasil", concluiu.
Na TV, Serra repetiu depoimentos de aliados e imagens de sua carreira política.
"Eu não teria sido eleito e reeleito tantas vezes pelo povo
se não tivesse trabalhado direito, não é verdade?", disse.
Ele também explorou o
apoio do pastor Silas Malafaia e da escritora de livros infantis Ruth Rocha, que protestou nesta semana por ter
sido incluída indevidamente
num manifesto pró-Dilma.
No encerramento, foi exibido um clipe em que bailarinos dançavam ao som do jingle "Serra é do bem", num
cenário semelhante ao do
"Domingão do Faustão".
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