São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2011 |
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BC vê crescimento menor com mais inflação em 2011 Relatório revê previsões e defende estratégia adotada para conter preços Objetivo é reaproximar inflação da meta fixada pelo governo somente em 2012, evitando que a economia esfrie demais EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA O Banco Central reduziu de 4,5% para 4% sua previsão para o crescimento da economia do país neste ano, como resultado das medidas adotadas desde o fim do ano passado para conter a expansão do crédito e a inflação. A instituição afirmou ainda que poderá alcançar em 2012 a meta de inflação fixada pelo governo para este e o próximo ano, de 4,5%, sem que seja necessário aumentar novamente os juros. O BC desistiu de trazer a inflação para perto desse objetivo neste ano. Dessa forma, será possível incorporar os efeitos da alta recente no preço das commodities, sem provocar forte desaceleração da atividade econômica. A estimativa do BC para o IPCA, principal índice de preços do país, neste ano subiu de 5% para 5,6% -ainda dentro do intervalo de variação da meta, entre 2,5% e 6,5%. Para o ano seguinte, caiu de 4,8% para 4,6%, no cenário que considera manutenção de juros e do dólar. O BC divulgou ontem seu Relatório Trimestral de Inflação, documento em que a instituição analisa o cenário econômico, revê projeções e discute sua estratégia para combater a alta dos preços. "MAIS SUAVE" O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, afirmou que, com a inflação hoje em 6%, a ação para conter a alta dos preços precisa ser "mais suave". "O trabalho é para que a diferença seja a menor possível em 2011, para que a inflação convirja para a meta em 2012, que é para onde estamos olhando", disse. Alguns analistas avaliam que os juros podem parar de subir em breve. O economista Eduardo Velho, da corretora Prosper, espera um último aumento da taxa básica em abril, de 11,75% para 12%. O economista destaca que as previsões do mercado e do BC para o crescimento estão no mesmo nível, mas ainda há divergências sobre o comportamento da inflação. "O mercado não acredita que essa desaceleração reduza a inflação para a meta desejada, mas a autoridade monetária trabalha com esse fator para cumprir a meta." O diretor do BC atribuiu a divergência ao fato de parte do mercado duvidar que o governo será capaz de reduzir despesas e cumprir sua meta fiscal. Ele também acha que alguns analistas subestimam as medidas adotadas pelo BC nos últimos meses. Além dessas medidas e dos cortes no Orçamento, o cenário externo também influirá no desempenho da economia e no comportamento da inflação. RESTRIÇÕES Para o BC, dados preliminares sobre o crédito no Brasil reforçam essa avaliação, mas o mercado avalia que é preciso mais restrições. O crescimento menor da economia deve afetar mais a agropecuária e a indústria. O BC projeta impacto menor sobre o setor de serviços. Também caiu a previsão para o consumo das famílias, principal alvo das medidas de restrição ao crédito. A queda dos investimentos, no entanto, será maior. Os números do BC mostram que a alta dos juros no Brasil foi a maior num grupo de 27 países analisados. Em outra lista, com 14 países, o Brasil aparece com a segunda maior taxa de inflação acumulada até fevereiro, atrás apenas da Índia. Questionado sobre o impacto do reajuste do salário mínimo e da tabela do Imposto de Renda no próximo ano, Hamilton afirmou que qualquer mecanismo de indexação da economia dificulta o combate à inflação e torna sua queda mais lenta. "Faz parte da nossa cultura." Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Estratégia do BC ainda provoca dúvidas Índice | Comunicar Erros |
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