São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Estratégia do BC ainda provoca dúvidas

Analistas apontam primeiros efeitos de medidas para frear expansão do crédito, mas esperam novas ações

Redução na liberação de novos empréstimos ainda não se refletiu em esfriamento da atividade econômica

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Depois das medidas anunciadas pelo Banco Central para reduzir o ritmo da concessão de crédito, a partir de dezembro, alguns economistas começam a ver sinais de desaceleração na liberação de novos empréstimos.
Apesar do BC ter divulgado anteontem um alta no volume de crédito em fevereiro, análise mais detalhadas feitas pelo Itaú e a consultoria LCA indicam que houve queda na liberação de crédito de novembro para cá.
O Itaú estima que as novas concessões para pessoas físicas e jurídicas estão num patamar 9% abaixo do registrado em novembro. O cálculo exclui efeitos temporários que influem nas operações.
Considerando apenas empréstimos para consumidores, a expansão de novas operações era de 30% em novembro, sobre o mesmo mês de 2009. A comparação é feita em relação a uma base relativamente baixa, devido à crise de 2008, que levou o país a uma recessão no ano seguinte.
Em fevereiro deste ano, esse crescimento já havia caído para 10%, frente ao mesmo mês do ano anterior.
"Vimos uma queda das novas operações em dezembro, seguida de recuperação neste ano. A concessão de crédito deve continuar crescendo, mas num ritmo mais moderado, como espera o BC", disse o economista do Itaú Adriano Lopes.
Já LCA estima que o número de novos empréstimos ficou estável no último trimestre de 2010, e caiu 1,6% neste ano, até meados de março. A consultoria descartou efeitos temporários na conta.
Apesar disso, os economistas ainda avaliam que não será possível trazer neste ano a taxa de inflação acumulada em 12 meses para 4,5%, centro da meta do BC. Hoje, a taxa está em 6%, perto do teto da meta, de 6,5%.
O estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Roberto Padovani, afirma que a desaceleração de novas concessões ainda não esfriou toda a economia.
Na sua opinião o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) deveria elevar a Selic em mais um ponto percentual, no total, nas duas próximas reuniões.
O sócio da consultoria Tendências Juan Jensen diz que o Copom está atrasado na alta de juros. Ele avalia que a briga contra a inflação está perdida neste ano.
"É preciso intensificar a alta dos juros. Se não, vai perder em 2012 também", disse.
O economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, vê um efeito mais intenso das medidas de contenção ao crédito que visam a diminuir os recursos disponíveis para crédito e complementam a alta dos juros. Ele considera suficiente apenas mais uma alta de meio ponto da Selic.
A consultoria projeta inflação de 5,6% no ano, e expansão da economia (Produto Interno Bruto) de 3,6%.


Texto Anterior: BC vê crescimento menor com mais inflação em 2011
Próximo Texto: BC faz mudanças em pesquisa sobre previsões de economistas
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.