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"Comando paulista" no CNJ
levou a atrito Gilmar-Peluso
Para ex-presidente STF, juízes auxiliares provocam "intriga" entre gestões
Gilmar Mendes avalia que integrantes do CNJ passam "informações equivocadas" a Peluso, para provocar confronto
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar
Mendes está irritado com
atuação de juízes auxiliares
do CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) nomeados pelo
atual presidente do STF e do
órgão, Cezar Peluso.
Na avaliação de Mendes,
segundo a Folha apurou, esses juízes auxiliares causam
"intrigas" entre as gestões
dos dois colegas.
Essa é a razão da troca de
e-mails em tom ríspido entre
Mendes e Peluso, revelada
ontem pela Folha.
Mendes escreveu a Peluso
porque tomou conhecimento
de que havia sido criticado,
na frente dos demais 14 conselheiros do CNJ, pelos gastos do órgão com diárias e
passagens do programa do
mutirão carcerário -menina
dos olhos de Mendes.
Para Mendes, segundo a
reportagem apurou, os juízes
nomeados por Peluso estariam lhe passando "informações equivocadas" sobre sua
gestão para causar intriga.
De acordo com relatos, decisões do CNJ contrárias ao
Tribunal de Justiça de São
Paulo também podem ter levado ao desentendimento.
Peluso nomeou 11 juízes
auxiliares para atuar no órgão. O secretário-geral, Rubens Rihk Pires Corrêa, e outros três magistrados vêm do
tribunal paulista e, por conta
disso, o CNJ passou a ser chamado de "Conselho Paulista
de Justiça" pelos críticos.
A Folha tentou falar com
Mendes ontem, mas não obteve sucesso. O porta-voz da
presidência do STF, Pedro
Del Picchia, afirmou que "o
presidente Cezar Peluso não
tem qualquer interesse nem
motivo para criar qualquer
atrito com o ex-presidente, a
quem ele respeita e admira".
Também disse que os e-mails retratam "normal e natural troca de informações".
Segundo funcionários do
conselho que participaram
da troca de comando, o desentendimento com os juízes
auxiliares começou antes
mesmo da posse de Peluso.
Em outubro, Mendes disponibilizou uma vaga de juiz
auxiliar para a indicação de
Peluso. Foi nomeado, então,
justamente o paulista Rubens Corrêa, que ficaria responsável por promover a
transição administrativa.
Antes da posse e de virar
secretário-geral, Corrêa já teria requisitado informações
sobre gastos e contas do CNJ.
O pedido irritou profundamente Mendes.
O CNJ foi criado em 2005
para realizar o controle externo e resolver problemas administrativos do Judiciário.
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