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Uso irregular de jet ski é prática comum em lagoas da região

Na represa do rio Grande, secretários do Turismo dizem que falta fiscalização adequada por parte da Marinha

Veículo só pode ser pilotado por quem tem autorização; acidente causou a morte de um jovem há uma semana

ELIDA OLIVEIRA
ENVIADA ESPECIAL A RIFAINA
Edson Silva/Folhapress
Funcionário prepara jet ski emmarina localizada em Rifaina, na represa do Rio Grande
Funcionário prepara jet ski emmarina localizada em Rifaina, na represa do Rio Grande

O domingo passado era para ser um dia de lazer para dois jovens, de 15 e 28 anos, não fosse a situação de imprudência em que se envolveram.

Ambos, sem habilitação para pilotar, pegaram jet skis em uma lagoa no Recreio Internacional, em Ribeirão Preto. Pietro Mazzeo, 28, morreu após a batida dos veículos.

Casos como esse, em que pessoas sem autorização conduzem jet skis, são frequentes em rios e lagoas da região.

Em Rifaina, Guaraci, Miguelópolis e Colômbia, cidades às margens da represa no rio Grande, as secretarias do Turismo são unânimes: há muitos jet skis, mas a fiscalização da Marinha é rara.

Para pilotar um jet ski é preciso ter o arrais amador, documento concedido após realização de prova com noções de navegabilidade e exames de aptidão psicofísica.

"A empolgação gera imprudência. Além da falta de arrais, o problema nos rios é a mistura dos amigos com as bebidas alcoólicas", disse José Luiz Cardoso, comissário técnico da BJSA (sigla em inglês para Associação Brasileira de Jet Ski).

O secretário do Turismo de Rifaina, Cláudio Masson, disse que a prefeitura coloca fiscais e salva-vidas na prainha à beira do rio Grande, na área da represa, durante o verão.

No entanto, eles não podem cobrar documentos de quem pilota jet ski ou barco, já que essa fiscalização é de competência da Marinha. Segundo ele, a Capitania dos Portos vem a cada 30 ou 60 dias.

Já Celso Marques de Oliveira, dono do Porto Marina Farol, em Rifaina, diz que a Marinha aparece apenas "quatro vezes ao ano".

Em Miguelópolis a situação não é diferente. Carlos Alberto Silva, secretário do Turismo da cidade, disse que as vistorias da Capitania dos Portos não são frequentes.

Com a fiscalização falha, proliferam os visitantes sem arrais usando jet skis.

REPRESA CHEIA

Segundo Silva, há 500 jet skis na cidade em períodos de férias e verão. Em Rifaina, a estimativa é de 300.

A maior parte é de turistas que têm os jet skis guardados em suas casas de veraneio ou marinas e os usam nos momentos de lazer, com amigos.

O aluguel desses veículos é mais comum no litoral, onde meia hora de uso nas praias de Guarujá, por exemplo, chega a custar R$ 350.

Um jet ski novo custa de R$ 40 mil a R$ 65 mil, conforme a potência do motor.

A Folha encontrou donos de jet skis que alugam informalmente os veículos próprios para hóspedes de pousadas interessados.

A reportagem fez contato com uma dessas hospedagens em Rifaina. Sem se identificar, perguntou sobre o aluguel de jet ski, que é anunciado no site da pousada.

A atendente repassou o contato do dono do veículo. Por telefone, o homem confirmou que aluga o jet ski, até para quem não tem arrais.

IMPRUDÊNCIA

"Eu coloco o jet na água, mostro como funciona e você pode usar. É difícil a Marinha aparecer, mas se vier, eu acompanho vocês para não ter problema", disse.

Roberto De Angelis, corretor de imóveis especializado na construção de marinas, explica a dinâmica no uso dos jet skis: "Sempre tem o paizão que dá o jet para o filho e deixa pilotar. Por ter o brinquedo na mão, acha que pode tudo", afirmou.

O problema não está só no interior. "Já vi criança pilotando jet ski na represa Billings [em SP], uma imprudência total ", disse Cardoso.

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