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Hoje alvo de CPI, dívida da Cohab teve aval da Câmara há cinco anos

Anteontem, Casa afirmou que débitos assumidos na gestão anterior precisam ser apurados

Foco das novas investigações dos vereadores, dívida foi aprovada pelo próprio Legislativo em 2006

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

A dívida da Cohab-RP (Companhia Habitacional Regional) assumida em 2006, que a base de apoio da prefeita Dárcy Vera (PSD) usou anteontem como argumento para aprovar uma CPI, foi avalizada pela própria Câmara em dezembro daquele ano.

Aprovada por unanimidade, a Comissão Parlamentar de Inquérito desvia o foco da suspeita que envolve Dárcy para mirar a gestão do ex-prefeito tucano Welson Gasparini (2005-2008).

A Polícia Civil apura se a prefeita está envolvida numa suposta fraude de entrega de casas populares.

Desde que o caso veio à tona, a oposição quis criar a CPI da Cohab, mas os vereadores governistas reprovaram todas as propostas e aprovaram uma CEE (Comissão Especial de Estudos) para o assunto.

A CEE não tem o mesmo poder de investigação da CPI, que pode quebrar sigilos e convocar pessoas suspeitas para dar depoimentos.

Maioria no Legislativo, a base de Dárcy só mudou de ideia sobre a CPI quando o presidente da Cohab, Sílvio Martins, afirmou à CEE, na semana passada, que o tucano confessou a dívida de R$ 150 milhões da companhia com a Caixa Econômica Federal -com juros, o valor chega hoje a R$ 300 milhões.

Anteontem, o vereador Walter Gomes (PR) -aliado do governo- usou essa dívida para transformar a CEE em CPI.

Os vereadores não mencionaram, porém, que a confissão da dívida só existiu porque a Câmara autorizou Gasparini a fazê-la.

A autorização foi publicada no "Diário Oficial" do Município em 29 de dezembro de 2006. Em agosto de 2007, Gasparini assinou com a Caixa o contrato de renegociação da dívida, que foi divulgada com valor de R$ 105 milhões.

Na época, Gasparini divulgou que a Cohab-RP foi a primeira do Brasil a fazer o acordo com o banco e a iniciativa não foi questionada.

Dos 19 vereadores que foram favoráveis à CPI, nove já estavam na Casa -incluindo o próprio Gomes- quando a autorização foi dada para a confissão da dívida.

Além deles, eram vereadores a prefeita Dárcy, o vice-prefeito Marinho Sampaio (PMDB) e até Martins, também peemedebista. Quando falou à CEE, ele lembrou que a medida havia sido aprovada pelo Legislativo.

RELAÇÃO

Até ontem, não se confirmou nenhuma relação entre a confissão da dívida e o caso das mulheres detidas recentemente por suspeita de estelionato. Segundo a polícia, elas prometiam "furar" os sorteios de casas para quem pagasse até R$ 3.000.

Foi uma dessas mulheres, Marta Aparecida Mobiglia, 45, que disse à polícia que Dárcy e sua irmã, Marli Vera, participavam do suposto esquema. A prefeita nega.

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