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Cracolândias avançam pelo interior de SP

Ribeirão já possui 2 pontos de consumo coletivo; crack não é privilégio só da capital, diz secretário de Araraquara

Droga avança até em municípios menores, como Dumont, com 8.143 habitantes, que tem usuários de crack

Silva Junior/Folhapress
Equipe da *Folha* surpreende usuário da droga acendendo cachimbo de crack no antigo galpão da Ceagesp, em Ribeirão
Equipe da Folha surpreende usuário da droga acendendo cachimbo de crack no antigo galpão da Ceagesp, em Ribeirão

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

A luz do cachimbo de crack rompe a escuridão no galpão abandonado, ocupado dia e noite por usuários da droga. Ao notar a presença da Folha, o rapaz se assusta e pergunta se é da polícia.

A cena acima não descreve um típico dia na cracolândia da região central de São Paulo, alvo de polêmica intervenção da Polícia Militar.

Trata-se de uma "minicracolândia" a 313 km do atual foco de atenção das autoridades: os galpões da antiga Ceagesp, na avenida Bandeirantes, em Ribeirão Preto.

O crack se espalhou pelo interior de SP e, em algumas cidades, já forma "minicracolândias". Há consumo alto da droga em Bauru, Taubaté, Guaratinguetá e Ilha Solteira, segundo relato das prefeituras à CNM (Confederação Nacional dos Municípios).

Fora da capital, as "minicracolândias" não estão apenas nas capitais brasileiras. "Existem até em cidades menores, é uma tendência se agruparem, em grupos de oito, dez, até vinte pessoas", diz o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Na maioria das cidades, o consumo é pulverizado, mas em algumas delas há locais coletivos de consumo em praças ou próximo a cemitérios.

Em Ribeirão, há "minicracolândias" na antiga Ceagesp e na avenida Costa e Silva.

Na Ceagesp, vizinhos relatam que é possível encontrar grupos de até 50 pessoas.

Famílias de usuários, que percorrem pontos de tráfico em busca de parentes, também apontam outros locais.

Não há dados sobre o número de usuários na cidade, mas, apenas no ano passado, 200 famílias buscaram a Associação de Parentes e Amigos de Dependentes Químicos de Ribeirão Preto para conseguirem internação.

A Guarda Civil Municipal de Ribeirão reconhece que os galpões e a avenida Costa e Silva são os pontos mais críticos e disse monitorar a área.

Já o porta-voz da PM, Marco Aurélio Gritti, afirma que não identifica esses locais como "minicracolândias" e que evita citar regiões para não causar insegurança ou desvalorização imobiliária.

Além de Ribeirão, as cidades de Campinas, Jundiaí, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba tiveram verba do Ministério da Saúde para criar consultórios de rua do crack.

Foram liberados R$ 150 mil por consultório.

ESPARRAMADO

Em Araraquara, há pontos de consumo na praça Pedro de Toledo, no centro, próximo ao estádio municipal e perto do cemitério, segundo o secretário municipal de Segurança Pública, Eli Schiavi.

"O crack está efetivamente esparramado no país todo."

Presidente do Conselho Municipal Antidrogas, Márcio Willian Servino diz que houve ações para dispersar os dependentes dos pontos coletivos de consumo. "Mas o usuário migra facilmente."

O problema atinge até cidades como Dumont, de apenas 8.143 habitantes. O consumo é esparso, mas pode ser visto na "Baixa", uma pequena favela, disse o delegado George Theodoro Ary.

Em nota, a Polícia Militar de Dumont disse desconhecer pontos coletivos de consumo da droga.

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