Por vaga, viciado de São Carlos viaja 290 km

Usuários de drogas de São Carlos estão viajando até 290 quilômetros para serem internados em clínicas particulares, diante da impossibilidade de se tratarem em um local mais próximo do município e de suas famílias.

O cenário ocorre após a Justiça ter concedido uma liminar, em junho de 2010, para que usuários não fossem mais enviados ao hospital psiquiátrico Cairbar Schutel, em Araraquara. A liminar resultou de uma ação civil pública do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública.

A entidade psiquiátrica é credenciada pelo SUS para prestar atendimento a pacientes com transtornos mentais e a dependentes químicos de 24 cidades da microrregião.

Na ação, a Promotoria e a Defensoria argumentam que o Cairbar é destinado ao tratamento de pacientes com transtornos psiquiátricos, mas que não tem estrutura física e profissionais adequados para cuidar de usuários de drogas.

"Diversas famílias nos pediam ajuda para internar o parente que era usuário de droga, mas meses depois voltavam dizendo que o tratamento [no Cairbar] não havia resolvido", disse o defensor Rodrigo Emiliano Ferreira.

Sem uma opção local, a Prefeitura de São Carlos tem enviado pacientes para clínicas em Votorantim, São Pedro e até Alfenas (MG), a cerca de 290 km de São Carlos.

Segundo o secretário da Saúde, Marcus Vinicius Bizzarro, a prefeitura gastou em 2011 R$ 1,7 milhão extra para custear os tratamentos.

Já o governo do Estado internou 12 pessoas na clínica de Votorantim em 2011 - são R$ 15.600 mensais custeados pelos cofres públicos.

Em nota, o Cairbar nega não ter estrutura adequada e diz que seu projeto baseia-se na internação voluntária do usuário -muitos pacientes mandados por Estado e prefeitura são via ordem judicial.

No hospital é realizada a desintoxicação, que leva de 15 a 28 dias. Depois, diz a nota, é preciso que os ambulatórios das prefeituras façam o acompanhamento do paciente.