Sindicância aponta megassalários na saúde

A Prefeitura de Araraquara concluiu um processo administrativo que apontou a existência de fraudes nas horas extras feitas por médicos da rede pública municipal em 2007 e 2008.

Seis funcionários foram identificados. No período, médicos receberam salários com rendimentos de até R$ 40 mil. Segundo a sindicância, a duplicidade da jornada de trabalho foi confirmada por meio de documentos.

De acordo com o secretário de Negócios Jurídicos, Ricardo Santos, entre os servidores estão funcionários com cargos administrativos.

As punições variam entre suspensão e a demissão. A prefeitura irá aguardar, no entanto, a decisão judicial sobre a ação civil pública, responsável pela apuração do total de horas extras irregulares que foram pagas.

"Nós investigamos servidores cujo teto salarial era superior ao do próprio prefeito, que na época era de R$ 10 mil, o que não é permitido por legislação", explicou Santos.

Os nomes dos médicos e servidores não foram divulgados.

DENÚNCIA

A sindicância foi aberta após denúncia do vereador João Farias (PRB). No período investigado, governava a cidade o deputado Edinho Silva, presidente estadual do PT. Araraquara é administrada pelo PMDB, que, apesar de ser aliado dos petistas no governo federal, é rival de Edinho no município.

Segundo Farias, a denúncia partiu de funcionários de um pronto-socorro em 2009, que disseram que havia médicos que recebiam horas extras sem trabalhar.

"Eles me disseram que havia médicos que, enquanto prestavam serviços em consultórios particulares, estavam recebendo por horas extras no posto", afirmou.

Segundo ele, o livro ponto desses médicos era assinado por outros funcionários, que também foram investigados.

"Houve um médico que recebeu R$ 30 mil enquanto fazia sua campanha eleitoral para vereador", disse.

O ex-prefeito Edinho foi procurado, mas sua assessoria de imprensa informou que ele está em viagem. Em nota, disse que a prefeitura foi conduzida dentro da legislação.