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USP apura trote com 'juramento sexual'

Calouros publicaram nota repudiando supostas humilhações de colegas durante festa de recepção fora do campus

Alunas novatas tiveram de prometer fazer sexo apenas com veteranos, segundo relataram os estudantes em nota

Edson Silva/Folhapress
Estudantes novatos do curso de direito da USP assistem aula usando coroas, ontem, no campus de Ribeirão Preto
Estudantes novatos do curso de direito da USP assistem aula usando coroas, ontem, no campus de Ribeirão Preto

DE RIBEIRÃO PRETO

A direção da Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto vai investigar trotes humilhantes e brincadeiras com conteúdo sexual cometidos por veteranos contra calouros em uma festa de recepção aos novos alunos da instituição de ensino.

Ontem, no campus da universidade, o assunto ainda repercutia. Alguns dos alunos do curso discordaram dos trotes: dez deles publicaram uma nota de repúdio, assinada, também, por dez professores, 21 entidades e 65 alunos de todo o país.

O polêmico evento, chamado de "Festa da Coroação", aconteceu no dia 28 de fevereiro na república Mansão Foster, fora do campus.

Na nota de repúdio, alunos relataram que calouros tiveram de fazer um juramento com conotação sexual. As mulheres teriam de prometer fazer sexo apenas com os veteranos durante o primeiro ano do curso, permanecendo "belas e exclusivas" a eles.

Já os homens teriam de prometer abdicar de seus pênis no mesmo período.

Segundo uma das veteranas que assina a nota e não quis se identificar, na festa ocorreu uma espécie de ritual chamado "Bixete Pega o Disquete". Nele, as meninas tinham de desfilar e rebolar. "Eu disse que elas [as calouras] não eram obrigadas a participar, mas [os veteranos] não deixaram elas saírem."

A obrigatoriedade do uso de uma coroa até o dia 13 de maio -mesmo dia da Abolição da Escravatura, quando os novatos são "liberados" pelos veteranos-, segundo os alunos, também tem causado pressão sobre os novos alunos. Prática similar ocorre com calouros de medicina, que têm de usar boinas amarelas.

De acordo com a aluna, um dos calouros decidiu não usar a coroa e foi abordado por um veterano de forma agressiva.

O diretor da faculdade, Ignácio Maria Poveda Velasco, deu uma entrevista coletiva ontem para falar sobre o caso. Segundo ele, embora o problema dos abusos seja lamentável, os fatos ocorridos não representam a tônica da faculdade. Em casos extremos, os alunos poderão ser advertidos ou até expulsos.

Sônia Coelho, do Marcha Mundial das Mulheres, disse que o caso reforça a diversão baseada na discriminação. "É um ato repugnante. Brincadeira em que só um lado brinca, não é brincadeira." (GABRIELA YAMADA)

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