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Ribeirão estuda decreto para a Lei do Solo

Membros de associações de bairros de alto padrão temem que 'lacunas' possam desvirtuar algumas áreas residenciais

Integrantes do Comur defendem revogar lei, chamada de 'monstrenga', mas prefeitura reluta

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Diante do "não" da Câmara de alterar a Lei de Uso, Parcelamento e Ocupação do Solo antes de três anos, a Prefeitura de Ribeirão Preto estuda fazer um decreto para ajustar lacunas na nova lei sancionada neste ano.

Enquanto as falhas da lei -chamada pelo promotor da Habitação de Ribeirão, Antônio Alberto Machado, de "monstrenga"- persistem, representantes de bairros sem definições claras na legislação temem que sejam aprovadas obras antes proibidas, como comércios ou prédios, o que poderia descaracterizar essas localidades.

A Lei de Uso do Solo cria regras para a ocupação do território. Ela define, entre outros, os tipos de construção para cada área -por exemplo, onde são proibidos prédios ou indústrias.

Como a Folha publicou no sábado, 12 bairros de alto padrão, como Ribeirânia e Royal Park, que são residenciais, podem ser afetados, segundo mapeamento do Comur (Conselho Municipal de Urbanismo).

A diretoria do Comur reúne-se hoje para debater as falhas na lei. No dia 29, a discussão se estende a todos os membros, muitos de associação de bairros, para definir um posicionamento do órgão.

Alguns conselheiros, porém, como os arquitetos Mauro Freitas e Fernando Freire, já manifestaram a opinião de que a lei fosse revogada, para ser pensada do zero.

Mas para a procuradora do município, Maria Helena Cividanes, revogar a lei piora o quadro, pois deixaria a cidade sem legislação. "Começar a debater de novo pode ser feito a qualquer momento, mas a Câmara deixou claro que não permitirá alterações antes dos três anos previstos no texto", disse.

A situação deixa temerosos os representantes de bairro.

"O bairro foi erguido com alguns objetivos claros. Ficamos preocupados, sim, com medo de o bairro vir a ser desvirtuado", disse Gilberto Graner Nielle, da Sacy, associação da City Ribeirão.

Um dos temores, diz Nielle, é que "aconteça na City o que aconteceu com a Ribeirânia" -referindo-se ao bairro que antes era só residencial, mas que, com o tempo, passou a abrigar pontos comerciais.

O presidente da Amor (Associação dos Moradores da Ribeirânia), Ivens Telles Alves, diz que a experiência anterior serviu para deixar os moradores atentos a novas alterações no bairro.

Mas Alves e o presidente da Associação Amigos do Jardim Canadá, Honyldo Roberto Pereira Pinto, dizem acreditar ser pouco provável que essa insegurança na lei permita aberrações -como a de erguer um edifício em um bairro onde só casas podem ser construídas. Segundo Pereira, o entendimento da associação é que a prefeitura que avaliará novas obras, ao se deparar com falhas na nova lei, tenderá a se basear na anterior.

A procuradora, porém, afirma que a lei antiga não pode ser mais seguida.

De acordo com ela, não há prazo para se concluir o estudo sobre o decreto.

LEI 'MONSTRENGA'

Machado também critica o resultado final da lei e diz que ele acaba atendendo à especulação imobiliária.

"Ficou um monstrengo, uma coisa 'meia-boca' que permite você aplicar ora a lei municipal, ora a federal, ora uma fusão das duas, e ora só a opinião da comissão."

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