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PF apura mão de obra ilegal do MA na região

Procuradoria do Trabalho também investiga transporte de trabalhadores usados em canaviais e construção civil

Aliciador se disfarça de dono de agência de turismo em cidades maranhenses; ônibus saem todas as sextas

Edson Silva/Folhapress
Trabalhador rural corta cana próximo a Guariba; governo do Maranhão apura transporte ilegal de mão de obra barata
Trabalhador rural corta cana próximo a Guariba; governo do Maranhão apura transporte ilegal de mão de obra barata

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Disfarçados de ônibus de agências de turismo, veículos em condições precárias têm trazido para a região de Ribeirão Preto e outras do Sudeste e Centro-Oeste mão de obra barata do Nordeste.

Em vez de turistas, os migrantes na verdade vão para o plantio de cana e laranja ou para a construção civil.

O suposto aliciamento é investigado pelo Ministério Público Federal do Maranhão. A Polícia Federal também abriu inquérito.

A Superintendência do Trabalho de Maranhão recebeu denúncia de que há aliciadores de mão de obra travestidos de donos de agências de turismo principalmente nas cidades de Codó, Coroatá e Timbiras.

Os ônibus saem toda semana, da praça central ou de rodoviárias, principalmente às sextas-feiras.

"Eles [os migrantes] dizem que vão para Ribeirão, mas estão querendo dizer essa região de Ribeirão toda onde tem plantio ou obras", afirmou Antonia Calixto de Carvalho, da Pastoral da Terra de Coroatá.

Segundo o procurador do Trabalho em Caxias (MA), Marcos Duanne Barbosa de Almeida, já há procedimento contra alguns supostos donos de agências.

Dois deles chegaram a firmar TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para cessar a prática do aliciamento. Um deles, porém, desrespeitou o acordo e a multa está sendo executada.

Fiscais da Superintendência do Trabalho também devem apurar pessoalmente a suspeita de aliciamento nas cidades maranhenses.

DESTINO

Se o ponto de partida é bem conhecido, o destino final do ônibus, porém, se dilui pelas cidades da região, como Guariba, Pradópolis e Pontal.

O padre Antonio Garcia Peres, da Pastoral do Migrante de Guariba, disse ter notado esse transporte em crescimento desde 2000.

"Quando estive visitando essas cidades no Maranhão, em 2005, nunca vi tanta concentração dessas casinhas de comércio com placa de agência de turismo", disse.

Esses ônibus não param em rodoviárias: deixam os trabalhadores em casas da periferia dessas cidades.

Se o destino for Ribeirão, nem chegam a entrar no município: muitas vezes o ônibus faz uma parada rápida em um trevo da rodovia. Os trabalhadores são levados, muitas vezes, de táxi para a periferia da cidade ou região.

Segundo o religioso, há os que migram por conta própria, mas o mais comum são ônibus com destino certo para agenciadores -os "gatos".

O atrativo para viajar em ônibus tão velhos, em vez dos de linhas autorizadas, é o preço. Segundo maranhenses, a passagem custa até R$ 150, metade do valor dos da linha regular.

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