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Aos 60 anos, medicina da USP tenta se 'reumanizar'

Faculdade muda currículo para deixar o curso voltado à saúde comunitária

Instituição de Ribeirão tenta aproveitar a estrutura do complexo do HC, com seis frentes de atuação na região

Márcia Ribeiro/Folhapress
A estudante Juliana Muñoz atende João Oliveira na casa dele
A estudante Juliana Muñoz atende João Oliveira na casa dele

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

No ano em que a FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), da USP, celebra 60 anos, a instituição está concluindo uma alteração no seu currículo que tem como meta deixar o curso mais voltado à saúde comunitária e à formação humanística.

A ideia é capacitar melhor o jovem médico para lidar com o diagnóstico de doenças mais recorrentes e colocá-lo em contato direto com a população. Há seis anos, um grupo de professores iniciou os trabalhos para a reformulação.

Antes, a crítica que se fazia ao curso de medicina da USP local era a de que os alunos se formavam sabendo tudo de casos complexos porque tinham aulas práticas no HC (Hospital das Clínicas), mas não sabiam lidar com sintomas de gripe, por exemplo.

Agora, a ideia é preparar melhor o aluno para situações de diagnósticos cotidianos, aproveitando a estrutura do complexo do HC, ampliando o internato, o estágio ou a residência.

Segundo Francisco José Candido dos Reis, presidente da comissão de graduação da FMRP, a proposta formará profissionais mais reflexivos.

O complexo do HC envolve os hospitais estaduais de Ribeirão e Américo Brasiliense, a Mater (saúde da mulher), o Centro de Saúde-Escola, o centro comunitário de Vila Lobato e os núcleos de saúde da família. O Hospital Estadual de Serrana também vai compor a estrutura.

"Precisamos usá-lo [o complexo] para formar os futuros profissionais", disse Reis. Antes, os alunos já utilizavam as estruturas, mas o que muda, segundo ele, é a forma de capacitá-los e o tempo de contato com esses universos.

No caso da saúde comunitária, pelo currículo antigo os estudantes só tinham contato com o paciente a partir do quinto ano, segundo Juliana Muñoz, 24, aluna do quinto ano de medicina. Agora, já nos primeiros anos eles são convidados a visitar as famílias para saber como vivem.

"É um contato com a realidade para não receitarmos remédios sem saber se a pessoa tem ou não água em casa."

No caso da saúde da mulher, a partir do quarto ano o estudante já começa a discutir casos de aborto e violência. "O objetivo é capacitá-lo técnica e eticamente", afirma o presidente da comissão de graduação da FMRP.

Nas aulas práticas, os estudantes são supervisionados. Juliana Muñoz, por exemplo, que atua no núcleo de saúde da família, visitou o paciente João Dantas de Oliveira, 72, que sofre dos males de Parkinson e Alzheimer.

Na conversa, pôde saber quais remédios ele toma e os efeitos colaterais.

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