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Assembleia de SP também quer apurar prisão de freira

Comissão Estadual da Verdade pretende participar das investigações

Presa em 1969, durante a ditadura militar, madre Maurina foi acusada de pertencer a grupo guerrilheiro

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

A Comissão Estadual da Verdade, criada na Assembleia Legislativa para apurar violações aos direitos humanos em São Paulo, também quer investigar o caso da prisão de madre Maurina Borges da Silveira durante a ditadura militar (1964-85).

Como a Folha publicou anteontem, por ser um dos mais importantes do período, o episódio de Ribeirão Preto merece apuração na Comissão Nacional da Verdade, na avaliação do professor da Universidade de San Diego Kenneth Serbin, um dos principais estudiosos da relação Igreja Católica-Estado.

O deputado Adriano Diogo (PT), autor do projeto que cria a Comissão Estadual da Verdade, disse que já enviou à comissão nacional um pedido para que a Assembleia possa colaborar com as investigações sobre o caso.

"Não é uma questão de fazer Justiça, mas de contar a história. A história da madre está pela metade", afirmou.

Como Maurina e o ex-delegado Renato Ribeiro Soares, responsável pela prisão da religiosa, já estão mortos, a comissão paulista levantará informações com familiares e outros envolvidos indiretamente, como membros da equipe de Soares ou pessoas presas com a freira.

ABRIGO À ESQUERDA

Embora não fosse guerrilheira, Maurina foi presa porque abrigava no Lar Santana, instituição que dirigia na época da prisão, em 1969, ex-integrantes das Faln (Forças Armadas de Libertação Nacional), grupo de Ribeirão opositor ao regime militar.

No local, foram armazenados também materiais produzidos por eles.

A irmã, porém, não foi a única integrante da Igreja Católica a proteger militantes da esquerda na época em Ribeirão.

De acordo com o historiador da Cúria, padre Luis Gustavo Benzi, o bispo dom Felício César da Cunha Vasconcellos, que presidiu a arquidiocese local de 1965 a 1972, era contra a violência praticada na época e também abrigou opositores na catedral. Dom Felício foi o responsável pela excomunhão de dois delgados -entre eles, Soares- após a prisão da freira.

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