OAB monitora apuração sobre jovem morto

A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vai acompanhar as investigações da Polícia Civil para apurar a morte de um adolescente baleado por um PM à paisana, anteontem, em Ribeirão.

As versões do policial e da família do adolescente, de 15 anos, são opostas. O PM Valdinei Cecílio de Brito, 42, diz que foi abordado por três ciclistas em uma tentativa de assalto. Segundo ele, um dos menores estava armado e o ameaçou, obrigando-o a reagir com um disparo.

Outro adolescente, um amigo que estava com a vítima no hora do crime, disse à Folha que os dois iam a um posto de combustível para encher os pneus das bicicletas. Ele afirma que o amigo chutou um cone de uma obra próxima e o PM o insultou, dando início à discussão.

Ainda conforme o jovem, o policial chutou a perna do adolescente e, após ele dar as costas ao PM, houve o disparo. O amigo diz ter escutado um grito: "Ele me atingiu".

A vítima foi encaminhada a uma UBDS, mas não resistiu ao ferimento. A PM informou, em nota, que todas as medidas legais foram tomadas (leia texto abaixo).

A violência tem crescido em Ribeirão neste ano. Os assassinatos aumentaram 57,69% nos primeiros oito meses deste ano em relação ao mesmo período de 2011.

No velório do jovem, ontem, o clima era de revolta. A mãe do adolescente, de 37 anos, disse que o filho não fazia mal a ninguém e que, além de estudar, trabalhava como aprendiz numa oficina.

Segundo o coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Varderley Caixe, o caso é visto com suspeita, já que o jovem e o PM moram perto do local do tiro.

A Polícia Civil instaurou inquérito. Foram apreendidas a arma do PM e outra achada no local e indicada pelo policial como sendo do adolescente baleado.

Imagens captadas pelas câmeras do posto de combustível serão usadas na investigação. Elas mostram a vítima caindo, mas não o disparo nem o jovem com a arma.

Os dois adolescentes não têm antecedentes criminais.

(DANIELA SANTOS)