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Vaqueiro volta a estudar para ser vereador

DE RIBEIRÃO PRETO

O que poderia ser motivo de vergonha para alguém com 74 anos que mal conseguiu estudar na roça tornou-se um estímulo e exemplo em Buritizal, cidade de 4.053 habitantes próxima a Franca.

Depois de a Justiça Eleitoral impedir sua candidatura para vereador em 2008 por considerá-lo analfabeto, o vaqueiro Galdino Cardoso dos Santos decidiu voltar para a escola e neste ano elegeu-se vereador, com 95 votos.

Baiano de Coco, no extremo oeste do Estado, Santos viveu a infância na roça com os pais e os cinco irmãos. Estudou por quatro anos em uma escola rural da cidade. "Lá era muito fraco. A professora mal sabia para ela."

Aos 14, mudou-se para Igarapava com um primo para trabalhar em usina e, depois, com rebanho, em Buritizal. "Gosto de gado. O gado me ama porque sou carinhoso com tudo o que é criação."

O carisma de gente simples que Santos conquistou na cidade atraiu políticos. Membros do PP, conta o vaqueiro, o convenceram em 2008 a tentar uma vaga na Câmara.

Mas a ideia esbarrou em uma carta que chegou ao juiz eleitoral Ewerton Meireles Gonçalves.

No texto curto, com letra semelhante à de uma criança, ele declarava que havia estudado até a 2ª série.

"Para um cargo público, eletivo, a pessoa precisa ser alfabetizada e a carta não conseguiu comprovar isso."

Em vez de resignar-se com o pouco estudo, Santos tomou o não como desafio: logo depois da eleição de 2008, matriculou-se em uma turma noturna de alfabetização.

A professora Andréia Constante, 38, que acompanha Santos nos últimos dois anos, é só elogios ao aluno da turma de 12 adultos.

"Ele é muito esforçado, não falta às aulas, gosta de aprender. Acho que ele mais ensina do que aprende."

(JULIANA COISSI)

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