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Buratti afirma que sofreu violência física para delatar Antonio Palocci

Seis anos depois de dizer que ex-ministro recebia propina, advogado dá nova versão ao caso

Secretaria da Segurança Pública e Promotoria negam que tenha ocorrido agressão em depoimento de 2005

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO
Lula Marques - 25.ago.2005/Folhapress
Rogério Tadeu Buratti, durante depoimento que prestou à CPI dos Bingos, no Senado
Rogério Tadeu Buratti, durante depoimento que prestou à CPI dos Bingos, no Senado

Pivô da denúncia da "Máfia do Lixo" de Ribeirão, que envolveu o ex-ministro Antonio Palocci (PT) em um suposto esquema de propinas, o advogado Rogério Tadeu Buratti tem nova versão para o caso seis anos depois.
Em entrevista exclusiva ontem à Folha, ele disse ter sido vítima de violência física para denunciar Palocci, em 2005. "Todo aquele cenário montado foi uma grande coação", afirmou, referindo-se à prisão e às imagens de seu depoimento, prestadas na Delegacia Seccional e que vazaram na imprensa na época.
A Secretaria da Segurança Pública e a Promotoria, que também participou dos depoimentos, negaram que o advogado tenha sofrido violência (leia texto ao lado).
Buratti, que mora hoje na Itália, foi procurado pela reportagem para falar da reabertura do caso da "Máfia do Lixo". Ele preferiu falar por meio do Facebook.
Ontem, o promotor Aroldo Costa Filho disse que Buratti vai ser ouvido pela Justiça de Ribeirão (leia texto abaixo).
Em 2005, a polícia e o Ministério Público gravaram o depoimento do advogado. As imagens não mostraram, porém, nenhuma agressão.
Buratti afirma também ter sido vítima de violência moral, que o atingiu e também à sua família. Segundo ele, sua prisão foi "objeto de utilização política de toda ordem".
Na ocasião, Buratti, então diretor da empresa Leão Ambiental, foi preso suspeito de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro.
Na delegacia, segundo Costa, Buratti declarou que o ex-ministro recebia R$ 50 mil mensais do grupo Leão Leão -do qual fazia parte a Leão Ambiental. O montante, segundo o depoimento, seria repassado para o PT. Depois da denúncia, Palocci caiu.
"Ele disse que iria contar o que sabia porque tinha medo de morrer", afirmou o promotor. Além disso, segundo Costa, em nenhum momento Buratti foi questionado especificamente sobre Palocci.
Dois anos depois, Buratti voltou atrás e registrou em cartório que as informações dadas em 2005 não eram verdadeiras. O advogado, no entanto, nunca deu explicações sobre a versão de 2007. Nem ontem ele quis falar sobre isso.
A suposta "Máfia do Lixo" voltou à tona na semana passada, quando o TJ (Tribunal de Justiça) acatou recurso do Ministério Público e determinou a abertura da ação penal.

'NÃO SOU NADA RICO'
Buratti disse que teve que se mudar para a Itália, onde atua num escritório de advocacia, porque foi "jogado para fora" do mercado de trabalho. "Lamentavelmente não conseguia mais trabalho no Brasil e, ao contrário do que diziam, não sou nada rico", afirmou.
"Preciso trabalhar, viver, pagar minhas contas e educar meus filhos", disse. "Estou lutando muito para reconstruir minha vida."

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