Tratamento estético pode custar até R$ 2.000 por mês em clínica de Ribeirão

Algumas clínicas criam ala reservada para clientes "envergonhados" que procuram tratamento estético em Ribeirão

LUIZA PELLICANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Há dois anos, o comerciante William Moraes, 31, procurou uma clínica para tratar de um problema de irritação causado pela barba, tecnicamente conhecido como foliculite facial. Hoje, além do procedimento chamado depilação definitiva, que permite que não cresça mais barba, Moraes faz quatro tipos de procedimentos estéticos e convenceu até a mulher a frequentar a clínica da qual virou cliente assíduo.
O comerciante não é o único homem a ter perdido a vergonha de se preocupar com a aparência e de gastar com isso. Hoje, ele engrossa um filão. Em algumas clínicas de estética da cidade, o público masculino é responsável por até 30% da procura. A tendência e a expectativa é que esse número aumente, segundo os profissionais do setor de beleza.
"Entre 2003 e 2008, a procura aumentou 100%. Precisei construir uma ala só para atender a clientela masculina. Hoje, temos tecnologia de ponta para tratar qualquer problema estético dos homens. Ainda tem uma vantagem: eles perdem medidas mais rápido que as mulheres", disse Luciana Sensini, dona da Fisioforma.
Para atender homens como Moraes, as clínicas dão até um "jeitinho" para não deixar os clientes envergonhados num ambiente tradicionalmente feminino. "Com a procura [dos homens], reservamos horários especiais de atendimentos só para eles", afirma Maria Amélia Picianito Bianchi, dona da franquia de Ribeirão da Onodera Estética, onde os homens respondem por 10% da clientela.
Mas, quando se trata de fazer sumir os quilos extras, aumenta ainda mais o número de homens. "Em procedimentos como a gordura localizada, eles são 20% do atendimento da clínica", afirma Maria Amélia.
Moraes é um dos que fazem tratamento para eliminar gordura localizada. "Comecei com um tratamento e as profissionais da clínica foram me apresentando outros. Gostei tanto do resultado que trouxe minha mulher para conhecer e fazer tratamentos", disse.
Nos últimos dez anos, de acordo com a SBME (Sociedade Brasileira de Medicina Estética), o aumento da presença masculina foi de cerca de 1000%. "O aumento se deu graças ao poder da mídia e às mudanças dos costumes. Na minha adolescência, não podíamos passar um creme nem fazer nada contra o aparecimento de acne que já éramos julgados", afirmou Valcimir Bedim, presidente regional da SBME de São Paulo.
Há também aqueles que são convencidos pelas mulheres ou familiares. A arquiteta Rosângela Hilário, por exemplo, indicou um amigo e sugeriu ao filho que fizesse um tratamento. O preço de um tratamento que inclui vários procedimentos pode custar até R$ 2.000 por mês, de acordo com as clínicas ouvidas pela Folha.


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