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SEIS MESES
Casa deu aval às 35 propostas apresentadas pelo prefeito; nem polêmicos tiveram problema para passar
Câmara aprova todos os projetos de Palocci
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Câmara de Ribeirão Preto está
a serviço do prefeito Antônio Palocci Filho (PT). Pelo menos é o
que parece depois de se verificar
que os vereadores aprovaram
simplesmente todos os 35 projetos propostos e enviados pelo petista. Ao todo, 19 projetos de lei e
16 projetos de lei complementar
tiveram o aval da Casa.
O dado contrasta um pouco
com a expectativa em torno da renovação da Câmara. Dos 21 vereadores eleitos no ano passado,
dez eram novos parlamentares.
Treze vereadores pertencem à base de apoio de Palocci.
Entre os projetos estão, por
exemplo, a abertura do crédito especial de R$ 2,1 milhões para a
construção do terminal rodoviário e o programa que declara a
província de Terano, na Itália, como "cidade-irmã" de Ribeirão.
Nem projetos polêmicos, como
o Primeiro Emprego, que até Palocci admitia que traria discussão,
tiveram problema para serem
aprovados. "Como você pode ser
contra um projeto que gera emprego para jovens? Você vai ver
vereador apanhar na rua", disse a
vereadora Joana Garcia Leal (PT).
Nesse programa, aprovado em
maio, a prefeitura arca com os salários de jovens empregados na
iniciativa privada da cidade.
Para os vereadores de oposição,
que também deram aval a projetos do Executivo, o prefeito "está
passando como um trator por cima" da Câmara. "O que o Palocci
está fazendo é impor a sua vontade sobre o poder Legislativo, evitando a independência entre os
poderes [Executivo e Legislativo]", disse a vereadora tucana Silvana Resende.
Uma das justificativas apontadas pelos parlamentares é a forma
como o prefeito manda seus projetos, a maioria em regime de urgência. Desse jeito, não haveria
tempo suficiente para uma análise detalhada. "Estamos exigindo
que ele mande os projetos com
mais antecedência", afirmou José
Roberto Scandiuzzi (PDT).
Para Baleia Rossi (PMDB), o
que houve foi uma "coincidência". "Foram aprovados, mas nenhum sem discussão."
Essa, porém, não é a opinião da
coordenadora do grupo Ação
Pró-Cidadania Sílvia Helena Costa Amaral, 36, que acompanhou
todas as sessões da Câmara neste
ano. "Quando é projeto do Executivo, não há discussão." O grupo,
associado ao Voto Consciente de
São Paulo, é formado por 20 pessoas de bairros da periferia. Ambos têm a finalidade de acompanhar os trabalhos da Câmara e
alertar sobre possíveis irregularidades.
Para o cientista político da
Unesp (Universidade Estadual
Paulista) Maximiliano Martin Vicente, 44, as Câmaras vivem um
período de supremacia do Executivo sobre o Legislativo.
Segundo ele, os acordos feitos
entre vereadores e prefeitos fazem
parte dessa supremacia que mistura os poderes. "Você não tem
um Legislativo de fato."
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