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Programa da União gera déficit de casas
Para especialistas, sobra crédito, mas faltam imóveis de R$ 100 mil; CEF diz que há 60 projetos em análise
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Ribeirão Preto viu explodir o
número de empreendimentos
imobiliários voltados à classe
alta nos últimos três anos. No
entanto, ao mesmo tempo, a cidade se viu órfã de moradias
que contemplem as classes médias e baixas.
Este ano, o mercado de imóveis se deparou com um aumento do déficit, principalmente após o início do programa "Minha Casa, Minha Vida",
do governo federal, que concede créditos para imóveis de até,
no caso de Ribeirão, R$ 100 mil.
"Tem muita gente com crédito liberado, mas não encontra
casa para comprar. Em Ribeirão, este plano é uma ilusão",
disse Sinésio Donizetti Nunes,
diretor regional do Creci (Conselho Regional de Corretores
de Imóveis).
O gerente regional da Caixa,
Alfredo Eduardo dos Santos,
concorda. "De uma hora para
outra, mais de 3.000 passaram
a ter crédito pré-aprovado e foram à rua em busca de um imóvel que custasse em torno de
R$ 100 mil", disse.
Segundo Santos, há pelo menos 60 projetos "engatilhados"
em Ribeirão. "Este déficit é
uma dificuldade circunstancial. Há, em análise, pouco mais
de 60 novos empreendimentos
imobiliários. Se calcularmos
uma média de cem unidades
por empreendimento, são
6.000 unidades nos próximos
anos", disse. "As construtoras
de fora estão se mobilizando
para atender a este mercado. E
isso depende de um apoio
maior da prefeitura, para agilizar o processo. A tendência é
que haja um grande número de
empreendimentos lançados
nesta faixa de preço já nos próximos meses", disse José Batista Ferreira, diretor do SindusCon (Sindicato da Indústria da
Construção Civil).
A HM Engenharia, do grupo
Camargo Corrêa, já anunciou
que construirá prédios no Ipiranga voltados ao público de
baixa renda. "A demanda é
muito grande. O desafio é construir empreendimentos de boa
qualidade mas com preços que
girem em torno dos R$ 100
mil", disse Henrique Bianco,
diretor da empresa.
O professor aposentado Édson Ribeiro de Oliveira, 53, vive
situação semelhante. Conseguiu crédito em banco particular para financiar um imóvel de
R$ 100 mil. Mas não encontra o
apartamento ideal que tanto
sonha. "Já encontrei em bairros distantes, mas aí é complicado", disse o aposentado, que
mora no João Rossi.
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