Ribeirão Preto, Domingo, 02 de Agosto de 2009

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Programa da União gera déficit de casas

Para especialistas, sobra crédito, mas faltam imóveis de R$ 100 mil; CEF diz que há 60 projetos em análise

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Ribeirão Preto viu explodir o número de empreendimentos imobiliários voltados à classe alta nos últimos três anos. No entanto, ao mesmo tempo, a cidade se viu órfã de moradias que contemplem as classes médias e baixas.
Este ano, o mercado de imóveis se deparou com um aumento do déficit, principalmente após o início do programa "Minha Casa, Minha Vida", do governo federal, que concede créditos para imóveis de até, no caso de Ribeirão, R$ 100 mil.
"Tem muita gente com crédito liberado, mas não encontra casa para comprar. Em Ribeirão, este plano é uma ilusão", disse Sinésio Donizetti Nunes, diretor regional do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis).
O gerente regional da Caixa, Alfredo Eduardo dos Santos, concorda. "De uma hora para outra, mais de 3.000 passaram a ter crédito pré-aprovado e foram à rua em busca de um imóvel que custasse em torno de R$ 100 mil", disse.
Segundo Santos, há pelo menos 60 projetos "engatilhados" em Ribeirão. "Este déficit é uma dificuldade circunstancial. Há, em análise, pouco mais de 60 novos empreendimentos imobiliários. Se calcularmos uma média de cem unidades por empreendimento, são 6.000 unidades nos próximos anos", disse. "As construtoras de fora estão se mobilizando para atender a este mercado. E isso depende de um apoio maior da prefeitura, para agilizar o processo. A tendência é que haja um grande número de empreendimentos lançados nesta faixa de preço já nos próximos meses", disse José Batista Ferreira, diretor do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil).
A HM Engenharia, do grupo Camargo Corrêa, já anunciou que construirá prédios no Ipiranga voltados ao público de baixa renda. "A demanda é muito grande. O desafio é construir empreendimentos de boa qualidade mas com preços que girem em torno dos R$ 100 mil", disse Henrique Bianco, diretor da empresa.
O professor aposentado Édson Ribeiro de Oliveira, 53, vive situação semelhante. Conseguiu crédito em banco particular para financiar um imóvel de R$ 100 mil. Mas não encontra o apartamento ideal que tanto sonha. "Já encontrei em bairros distantes, mas aí é complicado", disse o aposentado, que mora no João Rossi.


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