Ribeirão Preto, Domingo, 02 de Agosto de 2009 |
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Grupo cavalga 120 km no lombo de mulas
Folha acompanha comitiva formada por 22 pessoas em aventura em meio a paisagens exuberantes da Serra da Canastra
SILVA JUNIOR REPÓRTER FOTOGRÁFICO DA FOLHA RIBEIRÃO Reviver suas origens. Com esse objetivo um grupo de 22 empresários, comerciantes e produtores rurais da região de Franca e do sul de Minas se reuniu há 15 dias para uma aventura radical sobre mulas. Durante dois dias, eles cavalgaram 120 quilômetros passando por vales, rios, casebres e montanhas do Parque Nacional da Serra da Canastra. A aventura foi acompanhada pela Folha, que "sofreu na pele" as dificuldades da montaria. A largada foi dada em Ibiraci (MG), na sexta-feira, onde o grupo embarcou 14 mulas e 8 cavalos em dois caminhões de pequeno porte para chegar ao sítio Pousada Califórnia, em São João Batista do Glória (MG), que pertence a Eleno Carvalho Rangel 57, ex-vereador, eletricitário aposentado e um dos membros da comitiva. Na manhã de sábado, a turma montou nas mulas e seguiu até a Igreja Matriz da cidade mineira para fazer a tradicional oração, pedindo proteção na nova aventura. Nas ruas da cidade, a tropa foi saudada pelos moradores como se fossem integrantes de um desfile cívico. Após a bênção, ao som do berrante, a comitiva iniciou a cavalgada com destino ao parque. A primeira parada foi em um bar à beira da estrada. Hora de comer torresmo com limão e beber cachaça. Tudo ao som da viola de Pedro Lemos, 17. O adolescente cavalga desde os sete anos e acompanhou o grupo como "violeiro contratado". "Comitiva sem moda de viola não é comitiva, uma está ligada a outra. Eu sou apaixonado por música de raiz e cavalgadas", disse Lemos. Após uma cavalgada de 60 quilômetros em 12 horas, entremeada por pausas para banho no rio, mais torresmo, viola, gargalhadas e toques do berrante, o grupo chegou à pousada Babilônia, que fica no parque. Eram quase 21 horas. Momento de tirar arreios dos animais, tomar banho e apreciar a comida caipira feita no fogão de lenha, complementada por queijo e doces típicos. No dia seguinte, mais 60 quilômetros e aventuras na volta a São João Batista do Glória. Segundo José Eurípides dos Santos 46, dono de um supermercado em Ibiraci, o custo das viagens é pequeno, comparando com a diversão proporcionada. Toda a despesa, incluindo o cachê do violeiro, é dividida. Nesse passeio, o grupo gastou R$ 3.360 (R$ 280 para cada um), incluindo frete para o transporte das mulas, combustível para a camionete de apoio e hospedagem na pousada. Nos bares à beira das estradas, cada um paga sua conta. Para comparar, uma viagem até Aparecida, com trajeto de 400 quilômetros, chega a custar R$ 1.200 por pessoa, segundo Eurípides -as mulas voltam em caminhões e os tropeiros, em ônibus fretado. "O custo é pequeno porque o objetivo é resgatar a tradição. Providenciamos lugares que retratem as origens." Carlos Antonio Soares da Silva 36, empresário do setor imobiliário de Franca, tem seu hobby no apelido -é o "Carlinho da Mula". Ele começou a participar de comitivas há quatro anos, com uma mula emprestada. "Eu praticava hipismo e resolvi participar de uma comitiva de mulas até Aparecida. Gostei da experiência, comprei minha própria mula e não parei mais. É como praticar esporte: no inicio é cansativo, mas depois você acostuma." Segundo ele, as comitivas de muleiros crescem a cada ano. "Comecei a realizar encontro de mulas no Parque Fernando Costa, em Franca. Em 2005, havia 20 mulas. Hoje, o encontro reúne 300", disse Silva. Natan Tanja Cintra, 43, comerciante, dono de supermercado em Ibiraci, fez sua terceira viagem com mula. "Cada viagem é uma experiência nova e diferente, difícil de explicar. Nos lugares que visitamos somos tratados como se a pessoa já nos conhecesse. Eles são "gente boa", simples, humilde. Vale muito a pena." Tradição Nem só de longas cavalgadas vive o grupo. Duas vezes por mês, pequenos passeios em sítios e fazendas da região são feitos, sempre no lombo das mulas. Nos trajetos de curta distância, as mulheres e crianças também montam. Já nos passeios de longa distância, como o da Serra da Canastra, só participam os homens -eles alegam que a restrição se deve ao fato de o passeio longo exigir mais resistência física. Por ano, o grupo faz quatro cavalgadas longas. Dois destinos se repetem: Barretos, sempre na época da Festa do Peão, e Aparecida. Texto Anterior: Nutrição: Franca desenvolve ações contra a obesidade infantil Próximo Texto: Por ter muita resistência, mula é ideal para percursos longos Índice |
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